Pelas 20:00, os trabalhadores começaram a juntar-se em frente à sede da EDP, na Avenida 24 de Julho, onde instalaram algumas tendas e depositaram um caixão.
“Estamos em greve vai fazer cinco meses. Tentámos negociar com a EDP a subida das carreiras e alertámos […] que os trabalhadores estavam a ser penalizados com a subida do salário mínimo”, apontou à Lusa o secretário-geral do Sindicato Nacional da Indústria e Energia (Sindel), Rui Miranda.
De acordo com o sindicalista, a empresa está a contratar trabalhadores com um salário superior ao daqueles que já estão na EDP há vários anos, recusando-se a negociar aumentos para estes últimos.
Posto isto, os sindicatos representativos dos trabalhadores da EDP apresentaram um caderno reivindicativo à elétrica.
No entanto, Rui Miranda lamentou que a empresa se tenha recusado a negociar há cerca de cinco meses, criticando os argumentos apresentados pela elétrica de que, em comparação com outras empresas, o salário é elevado.
Segundo o secretário-geral do Sindel, em período de negociações foi entregue “um ato de gestão de 3%” para os trabalhadores, enquanto a administração que tem “vencimentos absurdos, tem um aumento de 15%”, destacando que o salário do presidente “ultrapassa os dois milhões de euros”, enquanto os trabalhadores recebem “pouco acima de 1.000 euros”.
Rui Miranda espera que o que aconteceu no ano 2000 se repita, que é: “o presidente descer e dizer que os sindicatos realmente têm razão”, referindo ainda que é necessária uma tabela salarial que permita à EDP “ir ao mercado de trabalho e recrutar aqueles que interessam para uma empresa como esta”.
“Nós estamos a falar de trabalhadores na energia […] olhem para estas pessoas com muito respeito […]. Nós tivemos os incêndios, as tempestades e ninguém sentiu a falta de energia porque estes homens trabalharam dia e noite em prol da sociedade”, disse o secretário-geral do Sindel em declarações à Lusa.
Os trabalhadores da EDP vão estar o mês todo em greve e na quarta-feira “vai sair um documento assinado por todos os sindicatos para a OIT [Organização Internacional do Trabalho], para também pressionar as organizações internacionais” porque a “concertação social paga-se” e a EDP deve “ter um cuidado muito grande em termos da parte social”, vincou.
O dirigente sindical considerou ainda que “ninguém ganha [com as greves]”, e que a EDP deve aproximar-se do caderno reivindicativo que os sindicatos apresentaram.
“Há cerca de mais ou menos dois meses têm a coragem de pedir aos sindicatos se não seria melhor adiantar o subsídio de férias dos trabalhadores porque alguns estavam a passar necessidades”, avançou o secretário-geral, acusando a empresa de ter “dois discursos”.
Os trabalhadores da EDP estão em greve ao trabalho extraordinário desde 01 de dezembro e vão concentrar-se, em Lisboa, no dia 10 de abril, junto à assembleia-geral de acionistas da empresa para mostrar o seu descontentamento ao grupo e reivindicar melhores condições de trabalho.
O Sindel lamentou que os trabalhadores tenham sido empurrados para a greve e espera agora que a administração da EDP adote um “comportamento diferente” perante os protestos dos trabalhadores.
O sindicato tem uma reunião agendada com a empresa para dia 15 de abril, na qual vão ser abordados temas como a avaliação de desempenho.
A Lusa contactou a EDP, mas ainda não obteve resposta.
PE/AAZR (MPE) // RBF
Lusa/Fim
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