"Apresentámos um caderno reivindicativo à empresa, que inclui aumento de salários para 2018, melhores condições de trabalho e a passagem de trabalhadores precários a efetivos, mas quando chegámos para negociar a administração comunicou que os aumentos estavam fora de questão", explicou António Grilo, representante dos trabalhadores.

Mais de 40 dos cerca de 170 trabalhadores da fábrica, que labora por turnos, concentraram-se hoje de manhã à porta das instalações, contando com a presença do secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, que se solidarizou com a reivindicação dos trabalhadores.

O líder sindical salientou à agência Lusa que a Dominó é uma empresa exportadora que "ainda há pouco tempo fez publicidade do facto de ter recebido dinheiro da União Europeia e, neste momento, não dá resposta a um problema crucial, que é a necessidade de se melhorar os salários".

"Ao longo dos anos, quando teve problemas, foram os trabalhadores que se sacrificaram e os responsáveis por lhes dar dinâmica para que sobrevivesse e, agora, num quadro em que tem lucros, o que se justifica é que os distribua também por aqueles que produziram riqueza, que são os trabalhadores", disse Arménio Carlos.

O secretário-geral da CGTP considerou importante que a empresa rapidamente reúna com o Sindicato de Cerâmicos do Centro e encontre uma solução para o problema, "que passa inevitavelmente pelo aumento dos salários".

Segundo o sindicalista, "hoje está mais do que provado que quanto mais as empresas apostarem nos baixos salários e trabalho precário mais depressa também serão prejudicadas por outras que seguem o mesmo caminho".

"O desenvolvimento do país e, particularmente, desta empresa que está situada num setor industrial importante do ponto de vista da exportação tem, acima de tudo, de valorizar os trabalhadores, melhorando os seus salários e tendo em consideração a valorização das suas profissões, porque estamos a falar de pessoas com vencimentos muito perto do salário mínimo", frisou.

A cerâmica Dominó, de capitais portugueses, exporta 60 a 65% da sua produção para os grandes países da Europa central, norte e sul, estando também presente nos Países de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), Estados Unidos da América e em alguns mercados árabes e da Europa de leste.

Com três naves fabris na zona industrial do município de Condeixa-a-Nova, muito próximo do acesso à Autoestrada do Norte (A1), principal via rodoviária nacional, a empresa de produção de pavimentos e revestimentos faturou 15 milhões de euros em 2016, ano em que regressou aos lucros, depois de vários anos em reestruturação.

Contactada pela agência Lusa, a administração da Dominó não quis prestar declarações sobre a greve dos trabalhadores.