“É uma coincidência, porque esta galeria estava dada como abatida e não havia nenhum registo, em já 70 anos de estudos, sobre a mina. Esta descoberta permite aumentar o conhecimento sobre este complexo”, explicou à agência Lusa a arqueóloga da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, Patrícia Machado.

A especialista acrescentou que esta galeria é a extremidade contrária da ‘galeria dos morcegos 1’, dada como abatida e que “coincide em planta com a ‘galeria dos morcegos 2’ mas num patamar superior”.

“Esta descoberta permite continuar a caracterizar a área mineira de Tresminas e compreender o sistema subterrâneo que permitiu desenvolver o complexo mineiro, que até para a época romana foi muito avançado para aquela altura”, frisou.

Patrícia Machado referiu ainda que outra das utilidades desta descoberta está relacionada com questões de segurança, pois permite trabalhar a galeria inferior com outro nível de rigor.

A responsável indicou que possibilita ainda a “valorização em termos turísticos” da zona norte da corta da Ribeirinha, que neste momento não tem nenhum percurso que permita passar lá.

Tresminas representa uma das mais importantes explorações de ouro do Império Romano.

As minas foram geridas diretamente pela guarda do imperador romano. Aqui, a exploração de ouro decorreu ao longo de 450 anos e depois não teve mais intervenções.

É por isso, segundo a autarquia, um “património arqueológico único” que se preserva desde “há cerca de 2000 anos”.

Dos trabalhos de exploração resultou um conjunto monumental formado pelas cortas de exploração a céu aberto e por um complexo de poços e galerias subterrâneas.

O local é visitável e além de um centro interpretativo é possível realizar visitas às galerias.

A vice-presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar, Rita Dias, destacou à Lusa que os trabalhos de desmatação e limpeza da zona do complexo mineiro, realizadas por sapadores florestais da Aguiarfloresta, no âmbito das medidas compensatórias pela construção do Sistema Electroprodutor do Tâmega pela Iberdrola, permitem ter “uma perceção do complexo, de como foi feito e explorado”.

“É um investimento local extremamente importante para termos também mais interesse e procura pelas minas. Por aquilo que oferece, Tresminas é único na Europa”, salientou a responsável pelo pelouro da cultura.

Rita Dias realçou ainda o “património arqueológico e histórico” presente no concelho de Vila Pouca de Aguiar, desde Gouvães, parte da serra do Alvão, até Tresminas e Campo de Jales, outro dos locais alvo de exploração mineira romana, mas também contemporânea.

“Também aqui [Campo de Jales] está a ser criado um centro interpretativo no âmbito da exploração mineira que era ali feita naquela zona. Será possível comparar forma de exploração diferentes entre Tresminas e Jales”, apontou.

A Câmara de Vila Pouca de Aguiar quer agregar Tresminas ao complexo mineiro de Lás Médulas, que é Património Mundial da UNESCO desde 1997, na categoria de paisagem cultural.

A candidatura conjunta prevê a implementação de um projeto cultural que tem como objetivo a valorização do legado mineiro romano na Península Ibérica.

Rita Dias adiantou que, além da candidatura conjunta, estão a ser preparados outros projetos, com Lás Médulas mas também com outros territórios “que têm exploração mineira, de forma a ser possível comparar efetivamente como era feita a extração do ouro em cada local”.

“Apesar de ser tudo na mesma época, os métodos usados eram completamente distintos nos vários territórios”, sustentou.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.