Numa resposta enviada à agência Lusa, fonte das empresas (geridas pela mesma administração) referiu que, até 19 de dezembro, só tinham entrado nos serviços 2.500 reclamações, sem, contudo, especificar os motivos das mesmas.
O início do mês de dezembro foi marcado, à semelhança de outros, por variados protestos dos utentes contra a supressão de barcos, sobretudo na ligação fluvial entre o Seixal e Lisboa, devido à falta de navios para operar.
Em 11 de dezembro, dezenas de pessoas descontentes com a falta de navios invadiram, pela porta de desembarque, um barco da Transtejo que iria fazer a ligação Seixal-Lisboa, tendo este sido impedido de sair pela Polícia Marítima por excesso de lotação.
Na altura, a presidente da Transtejo e da Soflusa, Marina Ferreira, explicou que a ligação fluvial Seixal-Lisboa tinha sido reforçada com um barco desviado de Cacilhas, referindo que as pessoas foram transportadas em segurança.
A responsável reconheceu a falta de navios e de recursos humanos, mas sublinhou que a segurança das pessoas não podia ser colocada em causa.
Segundo a resposta enviada à Lusa, a frota atual da Transtejo/Soflusa é composta por 25 navios e registou, igualmente até ao dia 19 de dezembro, uma taxa de operacionalidade de 55%.
Os navios que compõem a “frota indisponível para serviço público são navios em reparação (por avaria) e navios em processo de renovação de certificado de navegabilidade”, pode ler-se.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada o plano de renovação da frota da Transtejo, que inclui a compra de dez novos barcos, devendo o primeiro catamarã entrar em circulação a partir do final do próximo ano.
O número de viagens tem vindo a diminuir desde 2015, ano em que se realizaram 134.603 viagens diárias, contra as 133.573 em 2016 e as 130.971 em 2017.
No ano passado, e segundo dados referentes a outubro fornecidos pelas empresas, tinham sido efetuadas 109.812 viagens nas diferentes travessias fluviais.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
Quanto aos passageiros transportados, o ano de 2017 foi aquele em que se registou um maior número, com 16.781.042 pessoas a fazerem a ligação entre as duas margens.
A travessia Barreiro-Terreiro do Paço, com 7.955.909 passageiros, foi aquela em que se registou um maior número de utentes.
Em 2015, 15.583.630 pessoas utilizaram as ligações fluviais, enquanto em 2016 o número subiu para 16.054.071.
Em relação a 2018, foram transportados, até outubro, 14.700.077 pessoas, igualmente com a ligação entre o Barreiro-Terreiro do Paço a registar um maior número de utentes: 6.931.785.
A Soflusa — Sociedade Fluvial de Transportes é também uma sociedade anónima de capitais públicos, detida a 100%, desde 2001, pela Transtejo — Transportes do Tejo, constituindo-se, assim, como sua participada.
Atendendo ao facto de a Transtejo ser detentora da totalidade do capital social da Soflusa e de ambas as empresas se dedicarem à mesma atividade e de terem sido, desde o primeiro momento, identificados a conveniência e benefícios de uma gestão comum, foi estabelecida a acumulação de cargos, por parte dos membros do Conselho de Administração da Transtejo, nomeados pelo acionista único, nas suas empresas participadas.
Desta forma, em 30 de dezembro de 2016, o Governo nomeou como membros do conselho de administração da Transtejo Marina Ferreira (presidente) e Sara Murta Ribeiro (vogal).
José Bagarrão foi até dezembro passado vogal da administração, com responsabilidade pela componente operacional, tendo sido exonerado do cargo pelo Governo.
Utentes defendem aluguer de navios para contornar problemas na Transtejo e Soflusa
A Comissão de Utentes do Seixal defendeu hoje, além de mais investimento na Transtejo e na Soflusa, o aluguer de navios a portos europeus para contornar os problemas existentes nas ligações fluviais enquanto não chegam os novos barcos.
Em declarações à agência Lusa, António Freitas, representante da comissão, afirmou que aquilo de que as pessoas precisam é de barcos, considerando que as “soluções pecam por tardias”: os novos navios agora anunciados, referiu, são uma solução “para sair daqui a dois anos”.
A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão e Lisboa, enquanto a Soflusa é responsável por ligar o Barreiro à capital.
O Conselho de Ministros aprovou na semana passada o plano de renovação da frota da Transtejo, que inclui a compra de dez novos barcos, devendo o primeiro catamarã entrar em circulação a partir do final do próximo ano.
António Freitas considera que, além do investimento, uma hipótese que se poderia colocar seria o aluguer de navios a “algum porto europeu”, permitindo “suster a situação durante dois anos, até chegarem os novos barcos".
"Tem de haver uma alternativa, não conheço cadernos de encargos. Não posso acreditar que um governante diga que não há alternativa, não podemos ficar à espera de um concurso, se houver um problema com dois ou três participantes no concurso podemos ter um problema para dez anos", referiu.
António Freitas, lembrou à Lusa que os tempos de austeridade “levaram a uma redução de carreiras no Seixal, Montijo e Cacilhas com destino a Lisboa”, referindo que a “degradação culminou há dois anos com falhas técnicas graves dos navios” e com “supressões efetivas e totais de carreiras”.
“No tempo da ‘troika’ havia veículos de reserva que permitiam o serviço regular, as coisas foram passando pelos pingos da chuva. Tudo o que havia de reserva foi utilizado e degradou-se a frota”, explicou, lembrando que na reunião tida com a administração da Transtejo e da Soflusa (gestora das duas empresas) há dois anos a empresa admitiu a existência de um plano de recuperação, “mas que havia contingências do ponto de vista financeiro”.
Enquanto utente da Transtejo, António Freitas questiona ainda como é que se ouve dizer que a partir de abril haverá um novo sistema de mobilidade para a Grande Lisboa, com alteração de tarifários e “numa tentativa de levar mais pessoas a utilizarem os transportes públicos”, e a frota entre as duas margens não sofrerá alteração.
“Pergunto como é possível - não temos frota a funcionar para as viagens diárias, quanto mais funcionar com um novo fluxo de novos passageiros desejáveis do ponto de vista ambiental e da mobilidade da cidade”, referiu.
Na semana passado, o secretário de Estado Adjunto e da Mobilidade, José Mendes, adiantou à Lusa que o Governo está a projetar a entrega do primeiro navio “no final de 2020 ou no início de 2021, em princípio no final de 2020”.
“Em 2021 a entrega de três navios e, depois, os seis seguintes serão ao ritmo de dois a cada ano. Significa que, em 2024, teremos os dez navios entregues”, referiu.
O concurso será lançado nas próximas semanas, acrescentou José Mendes, apontando para um investimento de 57 milhões de euros para a aquisição dos barcos e mais de cerca de 33 milhões para a “grande manutenção”, sendo um “investimento global que será da ordem dos 90 milhões de euros”.
A compra das novas embarcações será acompanhada pelas “grandes reparações” de manutenção até 2035, permitindo “que um novo ciclo de serviço público de mobilidade na travessia do Tejo seja um ciclo de qualidade e de eficiência”, assinalou o secretário de Estado.
Em protesto contra a constante supressão de carreiras, em dezembro, dezenas de pessoas invadiram o único navio que estava disponível no cais do Seixal, quando estava avariado o outro que faz a ligação a Lisboa.
José Mendes assumiu os problemas que existem atualmente na travessia do Tejo, sublinhando que “resultam essencialmente de se tratar de uma frota muito velha”, com navios entre 20 e 40 anos.
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