Na audiência realizada na sexta-feira, o magistrado Charu Gupta agendou para 20 de outubro a audiência preliminar que ditará as acusações contra Rajendra Pachauri que serão levadas a julgamento.

O caso remonta há três anos, quando a queixosa, na altura com 29 anos e que trabalhava com Pachauri no Instituto de Energia e Recursos, o acusou de assédio sexual, perseguição e intimidação criminal, crimes que podem conduzir a uma pena de prisão de dois anos.

“Numa primeira análise, o tribunal encontrou provas. Foi-lhe pedido que apresente provas em contrário", relatou o advogado que representa a queixosa, não identificada para proteção legal.

“Este é um grande passo rumo à verdade. Estou aliviada e exausta de lutar contra Pachauri”, confessou a alegada vítima, após a audiência de sexta-feira. “Estou desfeita em pedaços. Isto não tem sido fácil”, reconheceu.

Segundo relatos veiculados pela imprensa, a denunciante acusa Pachauri de a ter inundado de mensagens ofensivas e de fazer vários avanços “carnais e perversos” durante os 16 meses em que trabalharam juntos.

Antes de chegarem à justiça, as acusações foram objeto de investigação por um comité interno do Instituto de Energia e Recursos, que as validou.

Segundo a agência indiana Press Trust of India, Ashish Dixit, o advogado de defesa descartou a validade do caso e clamou vitória por o tribunal ter deixado cair “a maioria” das acusações.

Esta não é a única mulher a acusar Pachauri, duas outras ex-trabalhadoras do Instituto o fizeram, também publicamente, uma das quais acusou a polícia de se ter recusado a registar queixa, apesar de o ter pedido várias vezes.

Pachauri processou uma das queixosas por difamação, caso que ainda corre em tribunal.

Apesar de rejeitar todas as acusações, Pachauri demitiu-se do Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas das Nações Unidas e também do Instituto de Energia e Recursos, grupo de reflexão e influência ambiental de Nova Deli, que fundou e dirigiu durante mais de três décadas.

Pachauri presidiu ao painel das Nações Unidas (considerada a maior autoridade em alterações climáticas), tendo recebido, em nome deste, o Prémio Nobel da Paz 2007.