Há 11 meses, ninguém considerava que Trump teria alguma hipótese na corrida às presidenciais norte-americanas, mas as suas declarações chocantes mudaram o rumo da campanha. Donald Trump mandou pelo ar o politicamente correto e impôs-se como o indiscutível candidato republicano, apesar da oposição do seu próprio partido.

O extravagante magnata de 69 anos, que fez a sua fortuna no ramo da construção, nunca ocupou um cargo público. Até anunciar a candidatura, o seu nome era apenas sinónimo de torres (a Trump Tower) e casinos, casamentos e divórcios, e de "O Aprendiz", o reality-show do qual era apresentador.

Mas este candidato que já tinha considerado uma corrida à Casa Branca revelou-se um animal político formidável, dono de um ego enorme, tão evidente quanto o seu vistoso penteado, uma das suas imagens de marca.

Promessas eleitorais

Se for eleito para a Casa Branca, Trump já prometeu que vai construir um muro na fronteira com o México, com um pequeno pormenor: a obra deverá ser paga pelo país vizinho para ajudar combater a imigração ilegal.

O candidato às primárias republicanas também quer expulsar dos Estados Unidos os 11 milhões de imigrantes ilegais, na sua maioria de origem latino-americana.

Mas há mais. Perante a ameaça de terrorismo, Donald Trump já falou em proibir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos, tendo afirmado que vai destruir o grupo jihadista, Estado Islâmico, e que irá assumir o negócio do petróleo contolado por este grupo.

Fazer política à moda de Donald Trump

Donald Trump não se inibe em falar sobre qualquer assunto e (ainda) diz o que quer. E são vários os exemplos: insulta mulheres, mexicanos, muçulmanos e, no entanto, a sua aparente crua honestidade, desafio à correção política e um desdém para com a classe política, mantêm-no no topo das pesquisas na internet desde que lançou a candidatura, em junho de 2015.

Trump já elogiou o presidente russo Vladimir Putin pela sua capacidade de liderança. Ou já denunciou que o "conceito de aquecimento global foi criado pelos chineses".

Há quem defenda que Donald Trump é carismático, brutal e imagina que é o salvador dos Estados Unidos. Segundo o próprio, o país está moribundo e tornou-se uma piada no mundo inteiro.

Apesar de todas as polémicas, a verdade é que milhares de americanos afetados pela globalização e que se sentem traídos pelas elites políticas comparecem nos seus comícios, onde denuncia os "idiotas" que dirigem o país, atiça os medos e promete "tornar os Estados Unidos novamente numa grande nação".

Em toda parte lança insultos aos seus rivais: Ted Cruz é um tipo "desagradável", que "não cai bem a ninguém", um mentiroso que "pisca o olho" a Wall Street. Jeb Bush é "realmente patético" e "falso". Hillary Clinton, que chegou a ser convidada para o seu casamento, "mente como uma louca". E Bernie Sanders é um "desastre", mestre da hipérbole, que joga com estatísticas e cujas promessas carecem de planos concretos.

Mas, apesar de ser politicamente incorreto, Trump sai sempre a ganhar uma vez que as suas declarações garantem uma grande cobertura mediática.

A um passo da candidatura republicana

Incapaz de encontrar uma alternativa a Trump, a liderança do Partido Republicano acabou por demonstrar o apoio à sua candidatura, depois da clara vitória, nesta terça-feira, em Indiana, causando o abandono de Ted Cruz da campanha eleitoral.

Considerado uma ameaça, recentemente as alas conservadoras do partido denunciaram na revista National Review que Donald Trump não passa de um "oportunista político", "charlatão" e "egocêntrico".

Luta livre e modelos

Nascido em Nova Iorque, o milionário foi o quarto de cinco filhos de um importante empresário imobiliário. Depois de estudar economia integrou a empresa familiar em 1968 com o apoio do seu pai, que deu uma ajuda inicial de um milhão de dólares.

No entanto, a sua fortuna é alvo de debate. Donald Trump divulgou que tem mais de 10 mil milhões de dólares, mas a revista Forbes insiste que é menos de metade. A sua carreira teve alguns precalços se considerarmos as dezenas de processos judiciais sobre os seus negócios. E entre 1991 e 2009, quatro dos seus casinos e hotéis faliram.

Fã de luta livre, escreveu livros populares sobre negócios e até 2015 foi coproprietário dos concursos Miss Universo e Miss Estados Unidos.

Inscrito como democrata até 1986 e republicano até 1999, desde então Trump oscilou entre os dois partidos, e chegou a ser independente durante um tempo. No entanto, o candidato republicano acabou por abandonar as suas velhas crenças liberais sobre as armas e o aborto, e agora abraça a extrema-direita do Partido Republicano.

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