“Conhecida a acusação do Ministério Público (MP) no âmbito do processo Tutti-Frutti, é inequívoco, e como sempre afirmei, que em nenhum momento fui considerada suspeita do recebimento de qualquer vantagem ou benefício pessoal. Não podia ser de outra forma, dado que estou totalmente certa e convicta da lisura que sempre apliquei na defesa do interesse público”, afirmou hoje Inês Drummond, em comunicado.

Segundo a ex-presidente da Junta de Freguesia de Benfica, “o MP continua a estabelecer imputações com base num pressuposto que configura um erro: uma pretensa amizade que não existe, relativamente à contratação de uma empresa que não beneficiei, e à qual, inclusivamente, apliquei sanções pelo incumprimento do contrato”.

“Estou muito tranquila com o desenrolar do processo, sabendo que nada de errado fiz e certa de que isso ficará demonstrado na fase de instrução - na qual, pela primeira vez, intervém um juiz”, acrescentou a autarca.

Inês Drummond esclareceu, ainda, que “sendo conhecidos os tempos da Justiça”, renuncia ao mandato de vereadora que exerce “há três anos de forma não remunerada”. “Faço-o com o sentimento de dever cumprido e consciência de total transparência e regularidade dos atos que pratiquei, sempre na prossecução do interesse público que norteou toda a minha vida cívica e política”, adiantou.

Quatro atuais presidentes de Junta de Freguesia em Lisboa, um dos quais deputado, um outro parlamentar, dois vereadores na capital e um em Vila Nova de Gaia estão entre os 60 acusados no caso Tutti-Frutti.

No total, os 60 arguidos, maioritariamente ligados ao PSD e ao PS, respondem por 463 crimes de corrupção ativa e passiva, prevaricação, tráfico de influência, branqueamento, burla qualificada, falsificação de documento, abuso de poder e recebimento indevido de vantagem, algum dos quais na forma agravada.

O presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado (PSD); da Estrela, Luís Newton (PSD); do Areeiro, Fernando Braamcamp (PSD); e da Penha de França, Ana Sofia Oliveira Dias (PS), estão, por sua vez, entre os autarcas acusados.

A investigação da denominada operação Tutti-Frutti começou em 2018, tendo o ex-presidente do Município de Lisboa, Fernando Medina (PS), chegado a ser constituído arguido e agora ilibado pelo próprio MP.