Em conferência de imprensa no final da reunião da Mesa Nacional do BE, em Lisboa, Catarina Martins anunciou que a resolução aprovada propõe "claramente que, para recuperar a capacidade democrática" do país sobre a economia e a finança, "é urgente preparar o país para o cenário de saída do euro ou mesmo de fim do euro".

"Numa Europa em degradação, o nosso país não pode ficar alegremente no pelotão da frente para o abismo europeu e tem de ter capacidade de defender a capacidade produtiva da sua economia, o seu emprego e o seu Estado Social", declarou.

Catarina Martins apontou como prioridades a "reestruturação da dívida soberana, o investimento público, e o controlo público da banca e dos setores estratégicos da economia".

Na resolução aprovada pelo órgão máximo do Bloco de Esquerda entre convenções, o BE criticou o primeiro-ministro, António Costa, pela posição assumida na cimeira dos 27, sábado, em Roma.

"António Costa, ao afirmar que Portugal deve ficar no pelotão da frente de uma Europa a várias velocidades, parece querer esquecer o que significou essa política na entrada de Portugal no euro: empobrecimento, endividamento e privatizações", refere a resolução.

Os líderes de 27 Estados-membros da UE adotaram sábado a "Declaração de Roma", na qual manifestam "orgulho" pelos feitos alcançados ao longo de 60 anos de história e apontam o caminho a seguir, admitindo uma UE a diferentes velocidades mas "na mesma direção".

Para o BE, a cimeira de 25 de março "oficializou o fim de qualquer projeto de uma Europa da convergência" o que implica, defendeu Catarina Martins, que os países "rejeitem os tratados europeus e iniciar um projeto novo de cooperação democrática entre os Estados".

Catarina Martins afirmou que na cimeira "a solidariedade e a convergência saíram da agenda" da União Europeia e lamentou a prioridade dada a "políticas securitárias".

A Mesa Nacional do BE decidiu acolher em Lisboa nos dias 19, 20 e 21 de outubro a reunião do coletivo europeu designado "Plano B", que juntará partidos, sindicatos e ativistas "de todas as áreas" a "pensar em modelos de cooperação entre os países que não sejam de subordinação mas sim de cooperação democrática" visando proteger os direitos sociais e ambientais.

Questionada sobre o andamento dos trabalhos no grupo constituído entre o BE e o Governo para analisar o peso da dívida na economia portuguesa, Catarina Martins adiantou que haverá na próxima semana uma reunião final para "afinar o relatório".

"No grupo da dívida existem ainda divergências. O compromisso que temos é que durante a próxima semana teremos uma reunião final para afinar esse relatório e eu espero que seja público em breve", disse.