“2021 foi um ano recorde de desflorestação” na Amazónia e “vemos um 2022 ainda pior”, disse Sinkevicius à agência Efe. “A tendência definitivamente não é positiva”, acrescentou.
“Apesar dos esforços, temos de tomar medidas imediatas e encontrar uma forma de agir imediatamente para reverter essa tendência”, disse o comissário europeu.
Sinkevicius concluiu no sábado uma visita oficial ao Brasil que o levou a Manaus, capital do estado do Amazonas, a Brasília e São Paulo, incluindo reuniões com autoridades locais, representantes da sociedade civil e membros de tribos indígenas da região amazónica.
No sábado, o comissário europeu reuniu-se com o ministro brasileiro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, com quem discutiu, entre outros assuntos, a extração ilegal de madeira na Amazónia no Brasil, que detém 60% da área total da maior floresta tropical do planeta.
“Há espaço para cooperação, para trabalharmos juntos e garantir que a desflorestação pare”, disse Sinkevicius.
Na quinta-feira, um relatório publicado pela Global Forest Watch, plataforma de monitorização de florestas em todo o planeta, indicou que o Brasil liderou o mundo em perdas nas florestas tropicais em 2021.
De acordo com o relatório, cerca de 3,75 milhões de hectares de floresta tropical primária desapareceram em todo o mundo no ano passado, dos quais o Brasil representava 1,5 milhões de hectares, na sua maioria na região amazónica.
“O Brasil tem uma vasta experiência que já deu certo [no passado]. Veja os dados de 2004 e 2005. O Brasil conseguiu diminuir as taxas de desflorestação, aumentar a exportação de produtos agrícolas e aumentar o comércio internacional”, disse Sinkevicius.
Apesar de se ter comprometido a eliminar a desflorestação ilegal até 2028, o Governo do Presidente Jair Bolsonaro tem apresentado medidas como um projeto de lei que permitiria a exploração de minério em reservas indígenas.
Sinkevicius sublinhou que “isso seria um retrocesso nos compromissos que o Brasil assumiu” na cimeira do clima, realizada em novembro, em Glasgow, na Escócia.
O comissário disse que a UE está disposta a “apoiar tecnicamente” o Brasil.
“Mas é nossa responsabilidade garantir que o nosso mercado consumidor não promova a desflorestação. Existe uma proposta legislativa que nos permitirá garantir que não haja espaço no mercado europeu para produtos associados à desflorestação”, acrescentou.
A agenda ambiental do governo Bolsonaro “não é o maior” obstáculo, mas “tem um papel importante” na eventual ratificação final do acordo comercial entre o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e da UE, admitiu Sinkevicius.
A UE tem exigido, para ratificar o acordo comercial, que o Brasil e a Argentina se comprometam a cumprir as metas de redução de emissões de carbono.
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