Em declarações à Lusa, o presidente do colégio de Engenharia Civil da OE, Humberto Varum, explicou que o edificado da sociedade portuguesa representa “um conjunto muito complexo, com níveis de vulnerabilidade diversa”, face às épocas distintas de construção ou aos diferentes materiais e conhecimentos existentes, pelo que defendeu um maior rigor ao longo das fases de projeto, construção ou manutenção.
“Garantidamente, teremos outros eventos sísmicos, portanto, vamos fazer um apelo à sociedade em geral para o envolvimento nesta missão, que deve ser cada vez mais exigente do ponto de vista da qualidade e do rigor de todos os atos alinhados com a promoção da segurança sísmica”, afirmou.
Para o representante da OE, o sismo de hoje constitui “uma oportunidade” para lançar um “debate rigoroso” entre os especialistas e as entidades envolvidas nesta área e para fazer uma “reavaliação dos procedimentos que são aplicados na construção e na reabilitação, eventualmente revisitando algumas das exigências que se colocam”.
Humberto Varum deixou um “apelo à serenidade da população, mas não à inatividade”, enfatizando também as diferentes dimensões pelas quais o país deve preparar o risco para eventuais futuros sismos de maior magnitude.
“O risco sísmico associado a um edifício, uma ponte ou outra estrutura será sempre o resultado de três vetores importante: a perigosidade – há regiões do país onde a probabilidade de acontecimento de determinados eventos sísmicos é maior; outro vetor é a vulnerabilidade – a maior ou menor preparação de uma estrutura para responder em segurança a determinado nível da ação sísmica; e, finalmente, a exposição – traduz um valor económico da infraestrutura e a ocupação (o número de pessoas que utilizam)”, esclareceu, resumindo: “Para o risco associado a um edifício ou uma região irão sempre contribuir esses três vetores”.
Questionado sobre o impacto deste sismo no edificado, o presidente do colégio de Engenharia Civil da OE considerou que não se esperam danos muito significativos, mas que tal realidade não deve inibir a sociedade de atuar.
“Vamos ter com certeza no futuro outros sismos de maior magnitude, com outras características, e temos de nos preparar”, finalizou.
Um sismo de magnitude 5,3 na escala de Richter com o epicentro localizado 58 quilómetros a oeste de Sines, no distrito de Setúbal, foi registado às 05:11 de dia 26 de agosto, sem causar danos pessoais ou materiais.
O sismo teve uma intensidade máxima de IV/V na escala de Mercalli, classificada como moderada a forte, sendo seguido de pelo menos quatro réplicas, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
O abalo foi sentido em várias zonas de Portugal e com maior intensidade nas regiões de Setúbal e Lisboa.
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