Segundo o relatório, publicado pela BirdLife International de quatro em quatro anos, “muitas populações de aves estão gravemente reduzidas”, sendo que apenas 6% das espécies de aves do mundo estão a aumentar.
Para a SPEA, os dados apresentados no relatório “pintam a imagem mais preocupante até agora do futuro das aves e de toda a vida na Terra”.
“Embora os dados de tendências a longo prazo nas populações de aves sejam mais completos para a Europa e América do Norte, há cada vez mais evidências (provas) de que os declínios estão a decorrer por todo o globo, desde espécies de floresta e zonas húmidas no Japão até rapinas no Quénia”, refere a SPEA em comunicado.
No que respeita a Portugal, a SPEA considera que a situação é “igualmente preocupante”, citando dados relativos ao período 2007-2018 que indicam que há 53 espécies de aves em declínio, enquanto 38 estarão a aumentar e 32 estão estáveis.
“No entanto, para 63 espécies no nosso país não há informação sobre o estado das suas populações, e outras 52 têm tendência incerta — uma situação preocupante que demonstra a necessidade de maior monitorização para serem recolhidos dados que permitam uma boa avaliação o estado das espécies”, defende a SPEA, membro da BirdLife International.
O relatório, que resume o que as aves dizem sobre o estado da natureza, as pressões a que está sujeita, as soluções implementadas e as que são necessárias, conclui que “uma das mais importantes ações necessárias é a conservação, proteção e gestão efetiva dos locais mais críticos para as aves e a biodiversidade”.
“Uma das ações que este relatório identifica como mais urgentes é proteger as áreas importantes para as aves e a biodiversidade — áreas como o Estuário do Tejo, que é crucial para milhares de aves a nível internacional, e que está seriamente ameaçado pelo proposto aeroporto do Montijo”, alerta no comunicado Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador de alguns dos censos de aves que fornecem dados para análises como este relatório.
Além de evidenciar “os dramáticos declínios de populações de aves no mundo”, o documento aponta os fatores que levam a essas perdas como as alterações climáticas, que estão a ter “impactos devastadores nas aves do mundo”, com 34% das espécies ameaçadas a estarem já a ser afetadas.
Outros fatores apontados são “a exploração madeireira e gestão florestal insustentáveis”, com a perda de mais de sete milhões de hectares de floresta todos os anos a impactar metade de todas as espécies de aves ameaçadas, e o aumento da mecanização, o uso de agroquímicos e a conversão de prados e pastagens permanentes em áreas de cultivo que causou um declínio de 57% nas aves de ecossistemas agrícolas da Europa desde 1980.
“A expansão e intensificação agrícola é a maior ameaça às aves do mundo, afetando 73% de todas as espécies ameaçadas. Esta é também a maior ameaça às aves em Portugal, causando declínios acentuados de espécies como o sisão, a águia-caçadeira (ou tartaranhão-caçador) e os picanços”, salienta a SPEA.
Para os autores do relatório, “é fundamental salvaguardar e proteger locais importantes para a natureza, restaurar ecossistemas danificados, e combater ameaças cruciais às aves e à biodiversidade”.
A SPEA afirma que, “apesar do estado preocupante do mundo natural”, as aves dão motivos de esperança e mostram que, com ações efetivas, “as espécies podem ser salvas e a natureza pode recuperar”.
Desde 2013, 726 espécies de aves globalmente ameaçadas beneficiaram diretamente de ações dos parceiros BirdLife, realça o relatório.
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