A informação foi hoje avançada pelo secretário provincial do Huambo da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Liberty Chiaka, que fala igualmente em alegados disparos efetuados pela polícia para dispersar as pessoas.
A Lusa contactou o comando da provincial da Polícia Nacional do Huambo, mas não conseguiu um comentário a este caso.
O dirigente da UNITA referiu que no final do dia de quarta-feira várias pessoas que estavam a 200 metros das assembleias de votação, aguardando pela publicação das atas sínteses, foram dispersas pela polícia que, face à sua insistência em permanecer no local, efetuou alguns disparos.
Liberty Chiaka disse que esses casos ocorreram sobretudo em três bairros principais da cidade do Huambo, onde “houve tiros e várias prisões”.
“O número de detidos na cidade do Huambo, até este momento não conseguimos apurar, estaremos às 08:30 no comando provincial da Polícia Nacional para nos informarmos e apurarmos as pessoas que foram detidas. Isso ocorreu sobretudo em três bairros suburbanos da cidade do Huambo”, disse.
Acrescentou que a mesma situação foi verificada na sede do município do Bailundo, onde foram supostamente detidas 32 pessoas, tendo igualmente a polícia realizado disparos.
“A lei determina que os não eleitores não podem ficar nas assembleias de voto, mas numa distância de 250 metros podem ficar. A lei determina que apurados os resultados nas mesas a assembleia de voto produz uma ata síntese que é afixada no local de votação, mas isso não foi feito, as pessoas estavam lá para isso, mas a polícia dispersou as pessoas, não queriam que as pessoas ficassem à espera dos resultados”, referiu.
Já no município do Mungo, o secretário provincial da UNITA denunciou a detenção de seis delegados de lista do partido.
“Nas outras áreas, nas sedes municipais não ocorreram situações graves, estamos agora a apurar ocorrências fora das sedes municipais, mas ali não temos rede (telefónica), por isso só durante a manhã estaremos em condições de dar mais informações”, indicou.
A UNITA considera também “extremamente grave” os atrasos no início do apuramento provincial dos resultados, feito com base nas atas das operações das mesas de voto.
“Até neste momento o apuramento provincial no Huambo não começou. O presidente da comissão provincial eleitoral não se explica”, disse.
Segundo Liberty Chiaka, supostamente estão a ser transmitidos os resultados provisórios. “Mas nesse momento o que importa é o apuramento provincial definitivo e não estão a fazê-lo”.
“Conversei há coisa de 30 minutos com o meu mandatário provincial e diz que não há nenhum sinal e o presidente (comissão provincial eleitoral) não está ali. Tudo isso que nos chama muita atenção”, frisou.
Angola realizou na quarta-feira as quartas eleições, segundas gerais, envolvendo a eleição direta da Assembleia Nacional (220 deputados), e indireta do Presidente e do vice-Presidente da República.
Às eleições concorreram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).
A CNE constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluíram 25.873 mesas de voto, algumas instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, num total de 9.317.294 eleitores.
A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).
O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.
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