Desde quarta-feira que a urgência pediátrica deste hospital passou a funcionar apenas de segunda-feira a sexta-feira, entre as 09:00 e as 21:00.

Fernanda Santos, da Comissão de Utentes de Loures, que organizou o protesto, receia que o encerramento seja definitivo e diz ser um “total retrocesso” a 2011, ano anterior à abertura do Hospital Beatriz Ângelo (HBA).

“Quando este hospital foi construído, tínhamos grande esperança que resolvesse a situação das urgências, de termos de nos deslocar a Lisboa”, afirmou, mas refere que a unidade “sempre teve problemas”, com “longas horas de espera” e “falta de profissionais”.

A utente, que também é vereadora substituta pela CDU na Câmara de Loures, estima que, no concelho, 65 mil pessoas não têm médico de família, pelo que muitas costumam recorrer às urgências deste hospital.

Já Anabela Pinto, moradora na Pontinha (Odivelas), está receosa porque “pode haver questões [de saúde] muito graves” entre os jovens que seriam atendidos no hospital de Loures, mas que terão de deslocar-se até às unidades de Lisboa, antevendo que estas fiquem “sobrecarregadas”.

Presente na manifestação estava o presidente da Câmara Municipal de Sobral de Monte Agraço, um dos quatros concelhos servidos pelo HBA, a par de Loures, Odivelas e Mafra.

“Se Sobral de Monte Agraço já não é perto de Loures (…), se formos para o centro de Lisboa, é mais complicado ainda”, afirmou José Alberto Quintino (CDU).

Os presidentes dos municípios servidos pelo hospital de Loures vão reunir-se com o ministro da saúde na terça-feira, com o autarca comunista a querer perceber “o que se pode fazer para reverter a situação, quanto tempo vai durar e quais as opções enquanto estiver fechado”, para “fazer a máxima pressão para que seja revertido o mais depressa possível”.

À entrada da unidade hospitalar, que também tem fechado, de forma rotativa com outros hospitais em Lisboa, a urgência de obstetrícia, estavam vários autarcas e populares, que empunhavam cartazes a defender o SNS, referindo, entre outras frases, que “é de todos” e que “a saúde é um direito”.

O ministro da Saúde Manuel Pizarro já anunciou que o plano para o funcionamento regular da pediatria na Área Metropolitana de Lisboa será conhecido na próxima semana.

Na quarta-feira, 11 chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral da unidade demitiram-se do cargo, justificando, numa carta de demissão consultada pela Lusa, que o hospital vive “os piores momentos da sua história” devido à “escassez de recursos humanos”.

Em declarações à RTP, a presidente do conselho de administração do HBA pediu um regime de exceção para facilitar contratações, estimando serem precisos cerca de 60 médicos e lembrou que desde dezembro, saíram seis pediatras, mas que só foi possível recrutar três em regime de prestação de serviços.

Entre as 09:00 e as 21:00 de sábados e domingos, a assistência às crianças e adolescentes com doença urgente que sejam da área de referência do Hospital Beatriz Ângelo será assegurada pelo Hospital São Francisco Xavier, Santa Maria e Dona Estefânia, enquanto, no período noturno de todos os dias, o atendimento é feito pelas últimas duas unidades.