"O mais importante hoje chamou-se Roberto Saraiva (...) o nome do premiado neste concurso José Saramago. Se me permitem, com o devido respeito pelas comunicações ilustres que certamente povoarão os vossos trabalhos ao longo de tantos dias, para mim aquele momento [da intervenção do jovem aluno da escola secundária Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas da Rainha] valeu por todo o congresso", disse Marcelo Rebelo de Sousa, na sua intervenção na sessão de abertura.

"Valeu por tudo quanto José Saramago teria gostado que fosse dito hoje e fosse sentido hoje. Valeu pela atualidade de Saramago. E valeu pela atualidade de uma mensagem que foi também uma mensagem de José Saramago", enfatizou o chefe de Estado.

Marcelo destacou igualmente as mensagens entre intervenções, lidas por alunos de escolas profissionais na sessão de abertura do evento, "como que a dizer que não há distinção de classes entre escolas e escolas". "Todas as escolas são escolas de vida", afirmou o PR.

Na sua intervenção, o Presidente da República disse ter preparado um discurso sobre a vida, obra e literatura de José Saramago para proferir na abertura do evento mas resolveu "abandoná-lo", discursando de improviso sobre o "exemplo do jovem Roberto".

Marcelo Rebelo de Sousa disse que o estudante vencedor do concurso de ensaios literários revelou porque é que José Saramago não morreu, não morre e nunca morrerá.

"E a mensagem que aqui nos trouxe, em dias em que acordamos com más notícias, más notícias de intolerâncias, más notícias de chauvinismos, más notícias de xenofobias, esta foi uma grande notícia", declarou o PR.

"Foi a notícia de que a mensagem do 'descubramo-nos uns aos outros, falemos uns com os outros, compreendamo-nos uns aos outros, consigamos convergir uns com os outros, para além das nossas diversidades' é uma mensagem do futuro. E por essa mensagem, Roberto, valeu a pena este começo de congresso. Por essa mensagem, José Saramago, valeu a pena uma vida e uma obra", frisou Marcelo Rebelo de Sousa.

À saída, confrontado pelos jornalistas sobre as intolerâncias de que falou no discurso, o PR disse que "Portugal tem sido uma realidade imune a isso, mas no mundo encontramos outra vez um clima de conflito e isso é muito mau".

"É o contrário da mensagem que foi aqui uma mensagem muito clara da parte dos jovens e sobretudo do jovem premiado, que é uma mensagem de integração, de diálogo, de inclusão, de futuro", argumentou.

Já sobre o resultado da primeira volta das eleições no Brasil, o Presidente da República recusou fazer comentários: "Não faço leituras de eleições noutros países", afirmou.