O Vaticano e os restantes mediadores querem juntar à mesma mesa o Governo de Nicolás Maduro e a oposição, congregada na aliança Mesa da Unidade Democrática (MUD), mas de concreto sabe-se apenas que o diálogo deve acontecer em Caracas (e não na ilha de Margarita como fora previamente anunciado).

Fontes contactadas pela Efe, agência de notícias espanhola, disseram que a plataforma MUD ainda não escolheu quem a representa à mesa das conversações, que está por determinar o “espaço neutral” para os dois grupos, e que também não é completamente seguro que o arranque do diálogo seja definitivamente neste domingo.

No sábado mais de uma dezena de partidos integrados na MUD pediu que ao encontro fosse apenas o secretário executivo da plataforma, Jesús Torrealba, e só para apresentar uma lista de condições para avançar com o diálogo.

Para a véspera do início do diálogo a oposição venezuelana marcou uma greve nacional de 12 horas, que segundo as agências internacionais não teve uma expressão significativa, em protesto por ter sido suspenso o processo do referendo para destituir o Presidente.

Os protestos seguem até quinta-feira próxima mas Torrealba garante que se sentará à mesa com o Governo e os representantes do papa. Henrique Capriles, líder oposicionista, tinha dito antes que a MUD não participaria no processo.

Maduro já disse que participaria. E no sábado anunciou também uma inspeção a empresas que aderissem à greve nacional.

Apesar de o presidente da Conferência episcopal da Venezuela já ter dito que a reunião (a acontecer) servirá apenas para “colocar posições sobre a mesa”, a iniciativa foi saudada por chefes de Estado e de Governo que estão a participar na XXV cimeira ibero-americana em Cartagena das Índias, na Colômbia, na qual Nicolás Maduro não participa (anunciou que não iria à última da hora).

Presente na cimeira, o secretário-geral da ONU designado, António Guterres, afirmou no sábado que no encontro de Cartagena houve consenso quanto à necessidade de um diálogo construtivo entre as partes na Venezuela.

Em declarações aos jornalistas, à margem da cimeira, Guterres disse: “houve um debate muito interessante à hora de almoço sobre a Venezuela e penso que houve um consenso muito claro. O consenso é que não há solução para os problemas da Venezuela, como não há solução para os problemas de muitos outros países do mundo, sem um diálogo construtivo entre as partes, com apoio da comunidade internacional, para tentar solucionar os problemas do país”.

O processo de diálogo começou sob o auspício da União das Nações Sul-Americanas e através de um grupo integrando o ex-chefe do Governo espanhol Rodrígues Zapatero, e os ex-Presidentes do Panamá, Martín Torrijos, e da República Dominicana, Leonel Fernández. A esse grupo juntou-se depois o Vaticano, por exigência da oposição.