"Há uma escalada de declarações, de falsidades, que podem terminar numa escalada militar. Vamos reforçar a frontera (...) querem justificar uma intervenção militar estrangeira. Assim o denuncio", declarou Nicolás Maduro, numa intervenção transmitida em simultâneo e de maneira obrigatória pelas rádios e televisões venezuelanas.
Maduro acusou o Presidente colombiano, Iván Duque, de "estar ao serviço" da Administração norte-americana de Donald Trump e de "estar a preparar uma agressão" contra a Venezuela. "Queremos a paz, mas a forças militares estão preparadas para defender a Venezuela, quando for e onde for", frisou.
O Presidente venezuelano disse que a segurança na fronteira com a Colômbia foi reforçada e pediu aos militares venezuelanos para se manterem em "alerta máximo".
Apesar de a Colômbia e a Venezuela terem uma fronteira comum de cerca de 2.200 quilómetros, o Governo de Duque, no poder desde agosto passado, não mantém relações diplomáticas com Caracas.
Nicolás Maduro sublinhou que as Forças Armadas Bolivarianas venezuelanas "estão unidas", apesar do apelo feito na terça-feira pelo vice-Presidente norte-americano, Mike Pence, para que os oficiais venezuelanos desconheçam o regime de Caracas, em troca do fim das sanções impostas pela Casa Branca.
"Não, Mike Pence, o comandante e chefe constitucional, legítimo das nossas Forças está aqui e chama-se Nicolás Maduro (...) e as FAB estão coesas, unidas e leais, perante o comandante e chefe e perante a estrutura nacional do nosso conceito e doutrina estratégica bolivariana", disse.
Na segunda-feira, Pence anunciou o fim das sanções impostas ao general Manuel Ricardo Cristopher Figuera, que dirigiu os serviços secretos venezuelanos até 30 de abril último.
O levantamento das sanções teria por base um alegado apoio de Manuel Ricardo Cristopher Figuera ao presidente do parlamento venezuelano, o opositor Juan Guaidó.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder do Assembleia Nacional (AN, dominada pela oposição), Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.
Guaidó, de 35 anos, contou de imediato com o apoio de mais de 50 países, incluindo os EUA e a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, que reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Nicolás Maduro, de 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada por Washington.
À crise política na Venezuela soma-se uma grave crise económica e social, que já levou mais de 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, indicaram dados da ONU.
Comentários