Em declarações aos jornalistas na sede do Chega, em Lisboa, André Ventura afirmou que "Luís Montenegro está mais preocupado em atacar politicamente os seus adversários, está mais preocupado em atacar politicamente o Chega, do que propriamente em governar".

O presidente do Chega reagia às declarações do presidente do PSD, Luís Montenegro, que no domingo apelou ao PS e ao Chega para se "preocuparem menos em juntar-se um com o outro", mas antes para se juntarem ao Governo para "decidir bem" sobre as necessidades dos portugueses.

André Ventura acusou o Governo de, sucessivamente, "apresentar medidas de cartaz, medidas de propaganda, sem nunca dizer quando as vai implementar, quando as vai executar ou como vai calendarizar".

O líder do Chega considerou que "é uma corrida para umas eleições que o primeiro-ministro acha que serão a breve trecho e que leva a que, de forma desesperada, todos os dias sejam apresentadas medidas sem qualquer calendarização, materialidade ou execução, ou às vezes com cópia direta das medidas dos outros partidos".

"Senhor primeiro-ministro, não é assim que lá irá, não é assim que conseguirá uma grande base de apoio para continuar a governar. E não é a atirar areia para os olhos dos portugueses que essa governação vai ser bem-sucedida, é a tomar decisões, levar a cabo medidas e fazer as reformas que o país precisa", defendeu.

O presidente do Chega afirmou também que o que se tem "visto na governação do país nos últimos meses é o contrário do que diz o primeiro-ministro, é o PS e o PSD conluiados, ligados, para distribuírem cargos entre si, quer no parlamento, quer no Governo".

O líder do Chega reiterou que o seu partido apoia propostas se considerar que são boas para os portugueses, independentemente do partido proponente, e referiu que tanto vota ao lado de PS, como de PSD. E deu como exemplo as medidas do partido para a imigração, indicando que "foi o PS e o PSD que se juntaram para que fossem inviabilizadas".

Questionado sobre o Orçamento do Estado para o próximo ano, o presidente do Chega considerou que "é muito difícil, ainda por cima num cenário em que o Chega tem de votar a favor e não apenas limitar-se a olhar para o projeto, que venha a ser aprovado sem um acordo alargado de governação".

"Mas o Chega sempre este disponível para esse acordo alargado de governação. Se há aqui algum causador de instabilidade foi o senhor primeiro-ministro ao rejeitar permanentemente essa possibilidade", acusou, considerou que "essa é agora uma questão que o PS tem de decidir, se quer apoiar o orçamento e as medidas do governo do PSD".

Nesta conferência de imprensa, André Ventura foi questionado também sobre a situação política na Madeira e a reunião com o Governo Regional com o objetivo de tentar consensualizar proposta para o novo programa do executivo, e disse que o Chega “não podia furtar-se ao diálogo”, porque considera que “vale sempre a pena”.

O presidente indicou que o partido vai continuar a insistir na saída de Miguel Albuquerque, condição que coloca para viabilizar o programa do governo.

Questionado sobre a posição do Chega caso o presidente do Governo Regional não deixe o cargo, André Ventura disse não fazer garantias pela estrutura regional do partido, lembrando que tem autonomia, mas insistiu que a "indicação nacional será sempre com Miguel Albuquerque, não".

"Eu vejo difícil que esse apoio exista [dos deputados regionais do Chega] enquanto Miguel Albuquerque subsistir", acrescentou, indicando só ver essa possibilidade "num cenário de absoluta necessidade, de absoluta instabilidade e caos".