A reivindicação surge depois de o deputado José Luís Ferreira se ter deslocado esta manhã a Paços de Brandão, na Feira, para apreciar o estado do rio "antes e depois da entrada em funcionamento das fábricas" de produção de papel instaladas nessa freguesia, e também nas outras que, sendo próximas, são atravessadas pela mesma ribeira.
"Mal essas unidades começam a trabalhar, vê-se logo espuma amarela no rio, que mais parece um esgoto a céu aberto", declarou o parlamentar à Lusa. "Depois essa poluição é arrastada até à Barrinha de Esmoriz, porque é lá que o rio desagua, e isto tem consequências ainda mais graves porque essa zona é uma área protegida pelas suas aves", acrescentou o deputado, a propósito da lagoa da Rede Natura 2000 também classificada como Área Importante para as Aves e Biodiversidade.
José Luís Ferreira observa, contudo, que a poluição da ribeira de Rio Maior não se deve apenas às emissões por parte de unidades industriais, mas também a um sistema de saneamento incompleto e ineficaz.
"Há cerca de dez anos gastaram-se 28 milhões de euros no sistema de saneamento [associado à Estação Elevatória] da ribeira de Rio Maior, mas muitas ligações à rede ainda estão por fazer", explica o ecologista.
E acrescentou: "Sem elas, o saneamento continua a ir para o rio e, juntando-se a isto as descargas das unidades de reciclagem de papel, estamos perante um problema de poluição grave que tem que ser resolvido".
O partido "Os Verdes" propõe-se agora questionar o Ministério do Ambiente sobre o assunto e, exigindo medidas concretas para pôr fim à poluição fluvial, realça: "Portugal não é só o Tejo e há muitos mais rios que estão a ser poluídos e a precisar de uma intervenção séria".
Na semana passada José Luís Ferreira também pediu esclarecimentos ao Governo sobre a poluição olfativa em Arrifana, outra freguesia de Santa Maria da Feira onde "os cheiros intensos que emanam da Zona Industrial da Fontanheira se equacionam estar relacionados ou coincidir com a queima de resíduos tóxicos".
"O odor desagradável e irritante para os olhos acontece, em particular, ao início da manhã, o que leva a crer que essa queima ocorra durante a noite ou em caldeiras de aquecimento", referia o deputado de "Os Verdes".
Para José Luís Ferreira, "além de degradar a qualidade de vida da população, isso torna-se insuportável para quem realiza atividades físicas ao ar livre, nomeadamente os alunos das escolas da localidade".
A situação estará a intensificar-se nos últimos tempos, pelo que José Luís Ferreira reclamava do Governo que identificasse "as causas e a origem deste problema ambiental" e lhe desse também "uma resolução célere, pois está em causa a própria saúde pública".
Comentários