“Há um acordo entre partidos, não entre vereadores. O acordo não era entre o Ricardo Robles e o Fernando Medina. Era entre o Partido Socialista e o BE”, referiu à agência Lusa o vereador social-democrata na Câmara Municipal de Lisboa, que disse não querer especular sobre se a renúncia do ex-vereador bloquista vai colocar em causa a maioria que governa o município da capital.

“Os partidos mantêm-se e o acordo mantém-se, até prova em contrário”, vincou.

Nas eleições autárquicas de outubro de 2017, Fernando Medina (PS) perdeu a maioria absoluta, firmando posteriormente um acordo de governação da cidade com o Bloco de Esquerda, tendo Ricardo Robles ficado com os pelouros da Educação e Direitos Sociais.

Robles anunciou hoje que renuncia ao cargo de vereador do BE da Câmara de Lisboa, afirmando ser "uma decisão pessoal" com o "objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade".

João Pedro Costa afirmou também que Robles “era um vereador com boas qualidades políticas”, apesar de “ideologicamente distante” do PSD.

Sobre a renúncia ao cargo, o vereador do PSD considerou que “são decisões pessoais”, elencando que “cada cidadão faz a sua leitura de quando é que se quer dedicar ou não à causa política e quando é que tem condições para o fazer”.

De acordo com a nota a que a Lusa teve acesso, Robles informou, no domingo, a coordenadora da Comissão Política do Bloco de Esquerda sobre a “intenção de renunciar aos cargos de vereador na Câmara Municipal de Lisboa e de membro da comissão coordenadora concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda".

Esta é, de acordo com Ricardo Robles, "uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares" e "no respeito pelas regras legais", para ultrapassar aquilo que se tornou "um problema político real" e que criou um enorme constrangimento à "intervenção como vereador".

"Esta é uma decisão pessoal que tomo com o objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade", conclui a mesma nota.

A demissão surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros.

Na sequência desta notícia, a concelhia de Lisboa do PSD pediu a demissão do vereador bloquista, acusando-o de "falta de ética, seriedade e credibilidade política".