"A previsão é atingirmos [os 85%] entre a terceira semana e a quarta semana de setembro. Mas o ritmo depende de muitas coisas. Nós temos vacinas, temos capacidade para as administrar e precisamos é que a população colabore, comparecendo nos centros de vacinação para as administrar", afirmou o vice-almirante, garantindo que, se tal acontecer, a previsão será alcançada.
“As férias vieram ter algum impacto no ritmo de vacinação. Mas, apesar de tudo, foi elevado. Estou confiante que a população percebe a necessidade de nos livrarmos do vírus o mais rapidamente possível”, acrescentou.
Questionado sobre o trabalho da task force depois de ser atingida a meta de 85% da população vacinada, Gouveia e Melo afirmou que não é o próprio que determina o que "faz ou deixa de fazer". "É o poder político e, depois, dentro do poder político, as forças armadas", assegurou.
Sobre a imunidade de grupo o coordenador da task force de vacinação relembrou que, em Portugal, poderá ser atingida quando 85% da população estiver vacinada, porém, não é certo que tal aconteça.
"Há muitas dúvidas sobre se se atinge ou não a imunidade de grupo, mas eu, como militar tenho um princípio muito simples: atingindo ou não a imunidade de grupo, todo o espaço de manobra que conseguirmos retirar ao inimigo, que é o vírus, devemo-lo retirar", explicou na entrevista. "A DGS veio autorizar e recomendar a vacinação para os jovens acima dos 12 anos e isso é retirar espaço de manobra ao vírus", acrescenta.
"Nós, vacinando as crianças todas, iremos vacinar a população na ordem dos 87%, 88%. Se nesse momento se começar a notar que há uma imunidade de grupo, isso é muito positivo. Porque de alguma forma a vacinação desta população protege os mais jovens. Se não acontecer, terão de ser pensadas outras estratégias", justifica.
Sobre uma terceira dose, na eventualidade de ser recomendada pela Agência Europeia do Medicamento, o vice-almirante garante que Portugal tem doses suficientes para dar resposta à necessidade de um eventual reforço: "Temos doses, em Portugal, suficientes para fazer esse processo de reforço e o próprio sistema de saúde, os cuidados primários já vacinam há muitos anos, fazem a vacinação da gripe, que são três milhões de pessoas, de grosso modo, em três meses, quatro meses. As pessoas mais frágeis da sociedade não constituem três milhões de pessoas, portanto, estou completamente convencido que o próprio Ministério da Saúde, com os seus recursos normais, poderá fazer esse processo de forma tranquila".
Sobre a situação do Queimódromo do Porto, Gouveia e Melo referiu que a task force sabe "em linhas muito genéricas" o que se passou e recordou que estão a decorrer "inquéritos e investigações precisamente para saber em pormenor" e para obter dados suficientes "para exigir ou colocar medidas de mitigação para que o problema não se repita". "Enquanto isso não acontecer, é muito prematuro dizer se esse centro de vacinação poderá ou não voltar a operar".
Na entrevista, o vice-almirante destacou ainda a eficácia da vacina: “A taxa de óbito [por covid-19] é 100 vezes inferior em pessoas vacinadas em relação a pessoas não vacinadas. Não é duas vezes, nem três, é 100 vezes inferior”, justificou.
"Se alguém tem dúvidas sobre o processo de vacinação, é olhar para o que aconteceu à faixa mais idosa da população. De repente foi protegida (...) Seriam muito mais [mortes] se não houvesse um processo de vacinação que os tivesse protegido", rematou.
Esta quinta-feira, o Presidente da República condecorou, em cerimónia restrita no Palácio de Belém, o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis, pela sua carreira militar.
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