“Há 56 anos, as FA [Forças Armadas] intervieram na política nacional para enfrentar a desordem, subversão e corrupção que abalavam as instituições e assustavam a população. Com a eleição do General Castello Branco, iniciaram-se as reformas que desenvolveram o Brasil. #31deMarçopertenceàHistória”, escreveu Mourão, que também é general na reserva.
O ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, é outro membro do Governo que defendeu que o golpe militar de 1964 foi um “marco para a democracia brasileira”.
“Os países que cederam às promessas de sonhos utópicos ainda lutam para recuperar a liberdade, a prosperidade, as desigualdades e a civilidade que rege as nações livres. O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou”, escreveu Azevedo e Silva na segunda-feira.
Mourão e outros líderes como o Presidente do país, Jair Bolsonaro, classificam publicamente o golpe de Estado de 1964 como um ato de defesa da democracia ignorando que o presidente democraticamente eleito à época, João Goulart, foi derrubado à força.
Os defensores desta tese também ignoram o facto de que os militares impuseram a censura e cortaram direitos individuais dos cidadãos brasileiros por duas décadas, num Governo que alegava combater o comunismo enquanto promovia assassinatos, tortura e a perseguição dos seus opositores.
Por outro lado, representantes de organizações de direitos humanos, artistas, políticas e até mesmo um ex-atleta usaram as redes sociais hoje para atacar a versão de Mourão e dos altos dirigentes do Governo brasileiro sobre a tomada de poder em 1964.
O secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Abrão, lembrou a data como “o dia que a democracia foi extinta”.
“[O] 31 de março de 1964 é o dia que a democracia foi extinta por longos 21 anos no #Brasil. Foi o golpe do desapego às liberdades e às instituições. Um ato autoritário tão vergonhoso que até hoje tenta se justificar. Pela #memoria de todas as vítimas: #DitaduraNuncaMais”, escreveu na rede social Twitter.
Já a cineasta Petra Costa, indicada para o Óscar de melhor documentário com o filme “Democracia em Vertigem”, respondeu à publicação de Mourão dizendo que houve um golpe de Estado e fez a defesa da democracia.
“Golpe de Estado é o nome disso, general. Não foi para ‘enfrentar a desordem’, mas para abolir a Constituição, os direitos civis e as liberdades individuais, iniciar uma ditadura e mergulhar o país no terror, na censura, na tortura e no assassinato. Nunca mais!”, escreveu Petra Costa.
O candidato derrotado na segunda volta das presidenciais do Brasil em 2018, Fernando Haddad, ironizou com a publicação do vice-presidente.
“Alguém são acreditaria que uma ditadura de 21 anos salvou a nossa democracia? Tem que ser muito tosco para defender uma tese como essa”, escreveu na sua conta no Twitter.
Até mesmo o ex-jogador de futebol, Juninho Pernambucano, que jogou em clubes de destaque como Paris Saint-Germain (PSG) e também na seleção brasileira, manifestou-se contra a publicação de Mourão.
“Aí o vice-presidente vem parabenizar a tortura, assassinatos, sequestro, famílias que tiveram suas vidas transformadas em eterno pesadelo, até o final de seus dias pela ditadura. Sabe o que vai ser duro. Quando tudo passar, será superar a tentação da vingança. Mas conseguiremos”, concluiu.
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