“Estamos atentos, estamos preocupados e disponíveis para estar sempre ao lado dos nossos produtores, mas convencidos que todos temos que mudar um bocadinho para que o futuro da região seja melhor”, afirmou Luís Machado, que é também presidente da Câmara de Santa Marta de Penaguião, no distrito de Vila Real.
Com os armazéns cheios de vinho e preocupações crescentes com a venda de uvas, a região do Douro passa por momentos de instabilidade.
“Estamos muito preocupados, como é lógico, é um ano difícil, é um contrassenso termos excelentes perspetivas de produção e não querermos ter tanto porque ‘os stocks’ estão cheios. Isto não pode continuar”, sublinhou.
Sem intervenção direta no negócio, a CIM Douro, que agrega 19 municípios, está, segundo o autarca, a ouvir as associações ligadas ao comércio e à produção e pediu também uma audiência com o ministro da Agricultura.
“Penso que nós, junto do ministério, vamos conseguir alguma medida que alivie este ano, mas temos que partir para uma negociação com todas as partes, com o comércio, com a produção, o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e o Ministério da Agricultura para definir um plano a mais longo prazo para que, de facto, a nossa região seja merecedora do reconhecimento que tem a nível mundial”, frisou, lembrando a classificação como Património Mundial da UNESCO em 2001.
Uma das medidas que está em cima da mesa é a destilação de crise do excedente de vinho, medida que necessita de autorização da União Europeia.
Luís Machado disse que o Douro tem um problema de valorização daquilo que produz, como o vinho, e defendeu que a região “tem de ser mais organizada, consolidada, de compromisso e de confiança”.
“De maneira que, a cada ano que passe, o nosso vinho seja valorizado e seja ele capaz, como produto final, de garantir financeiramente todo o trabalho que é feito na cadeia da sua produção”, frisou.
É durante o mês de julho que o conselho interprofissional do IVDP fixa o benefício, ou seja a quantidade de mosto que cada produtor pode destinar à produção de vinho do Porto.
O autarca defendeu uma maior planificação e considerou que a fixação a poucas semanas da vindima “está sob pressão”, quer seja por os ‘stocks’ estarem cheios ou vazios.
“Não faz sentido que todos os anos a definição daquilo que deve ser o volume de negócios do vinho do Porto esteja sujeito a essa pressão. Ora, no meu entendimento, ela deve ser feita no mínimo com um ano de antecedência para expandir os ‘stocks’, para dar perceção do que se pode fazer e principalmente porque o negócio do vinho e concretamente do vinho do Porto tem que ser um negócio previsível”, defendeu.
E acrescentou: “Não se pode andar todos os anos a defender aquilo que se faz. Um negócio com esta importância para a região e para o país tem que ter uma planificação de dois, três anos, para que seja consolidado, sustentando e que garanta a todos os agentes um espaço de segurança e de investimento”.
E este é, na sua opinião, “um caminho a seguir”.
Na semana passada, o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, disse, no parlamento, que o Governo está a analisar como travar a "injustiça" das cativações de verbas destinadas à promoção dos vinhos do Douro.
Apesar de não depender do Orçamento do Estado e de ter receitas próprias, o IVDP precisa de autorização prévia para contrair despesa e há verbas destinadas à promoção que ficam por executar.
“É uma luta de há muitos anos que não tem tido acolhimento nos diversos governos. Nós defendemos que aquele dinheiro que é das taxas que os nossos produtores pagam, deve ser utilizado nessa mesma promoção”, referiu Luís Machado.
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