“Assinámos um acordo de parceria entre o Festival Literário Morabeza e o Festival Literário Tinto no Branco e a ideia é fazer uma parceria mais lata já que Viseu tem um acordo de geminação com a cidade de São Filipe, na ilha do Fogo, e o próximo festival de Morabeza vai ser em São Filipe, com extensão a Chã das Caldeiras”, anunciou o ministro Abraão Vicente.
As declarações foram feitas à margem do festival Tinto no Branco, que decorreu em Viseu até domingo, onde o ministro marcou presença com o intuito de alargar a parceria cultural, e não só, entre a cidade beirã e o país lusófono.
Com esta parceria, “todos os anos Viseu manda um escritor a Cabo Verde e Cabo Verde manda um escritor ao festival de literatura Tinto no Branco”, acrescentou o ministro que explicou que Germano Almeida, o mais recente Prémio Camões que estava agendado para o festival em Viseu, “cancelou a sua vinda por questões de saúde” e acabou por ser substituído por um outro escritor cabo-verdiano, Filinto Elísio”.
Abraão Vicente disse ainda que, para além da literatura, a parceria vai abranger outras áreas, tendo em conta a geminação com a cidade do Fogo “que tem tantos sobrados, Viseu que é uma cidade quinhentista, pode ajudar com o envio de arquitetos e outros especialistas para ajudar à preservação do património arquitetónico” de São Filipe.
Nas outras áreas abrangidas nesta parceria está a arte urbana e o ministro da Cultura adiantou à agência Lusa que a ideia é fazer formação, “sempre que alguém vá a Cabo Verde além de pintar e fazer arte urbana forma os artistas e promove a internacionalização de alguns dos nomes” cabo-verdianos.
“Grande parte dos nomes hoje são de cidades muito pequenas como Paúl, Porto Novo, Assomada ou Tarrafal, são jovens graffiters ou artistas urbanos que não têm tido grande telas urbanas para fazer e Viseu pode ser um bom lugar para alguns destes artistas”, considerou.
Com esta proximidade que foi criada, Abraão Vicente revelou que acredita que, “nos próximos anos, Viseu possa acolher algumas bandas não só vindas de Cabo Verde, mas também vindas da diáspora cabo-verdiana” e, neste sentido, vai apresentar um roteiro com o nome dos artistas que vivem em Portugal e noutros países europeus.
“No âmbito da candidatura da morna a património da humanidade tentaremos fazer de Viseu um dos palcos dos espetáculos de promoção de candidatura já no primeiro semestre do próximo ano”, anunciou.
Abraão Vicente, que foi entronizado, “de forma simbólica, na Confraria do Dão”, prometeu que os próximos festivais de Viseu contarão com a presença do vinho do Fogo, que é feito em Chã das Caldeiras, nas cinzas da cratera do vulcão que continua ativo, sendo que a última vez que entrou em erupção foi em novembro de 2014.
“A nossa ideia é fazer com que os vinhos do Dão tenham uma presença mais efetiva, com vinhos de qualidade, porque muitas vezes, nós sabemos, chegam a Cabo Verde vinhos que não são inteiramente produzidos e não têm denominação de origem e fazer com que os produtores do vinho do Fogo tenham um contacto com os produtores do vinho do Dão, e possam trocar parcerias e, quem sabe, criar novos produtos”, anunciou com a promessa de, no próximo ano, o festival ter, “obrigatoriamente, a presença do vinho Chã”.
Abraão Vicente divulgou ainda que esta parceria ultrapassa a área da Cultura e que convidou o autarca viseense a ir a Cabo Verde, uma vez que admitiu que querem “perceber quais são os mecanismos que Viseu, e a câmara municipal, está a utilizar para, de certa maneira uma cidade do interior, atrair não só os investimentos mas também esta dinâmica cultural”.
“Viseu tem sido uma espécie de laboratório para inovações, tecnologias e tem atraído grandes empresas, principalmente na parte de investigação, dos laboratórios, e também na área da saúde, porque a cidade também tem atraído grandes investidores na área da saúde”, elogiou.
O presidente da Câmara Municipal de Viseu disse à agência Lusa que “é com muito gosto” que marcará presença em junho, em Cabo Verde, para “partilhar a estratégia definida pela autarquia, e que está a ser desenvolvida” e, sem querer revelar tudo, Almeida Henriques esclareceu que tem a ver com proatividade.
“É uma estratégia de não estarmos à espera que o poder central faça por nós, fazemos nós, é evidente que continuamos a reivindicar do poder central as autoestradas, ferrovia e outras valências mas a verdade é que se estivéssemos à espera do poder central não saíamos da cepa torta”, apontou.
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