Juvêncio de Jesus Martins, diretor de Assuntos Consulares e Protocolares, explicou à Lusa que quase 120 timorenses atualmente no Brasil, Cuba, Reino Unido, Itália e Portugal vão viajar para Lisboa para poderem apanhar o voo que vai ser operado pela EuroAtlântico.

“A lista final está a ser preparada pela Embaixada de Timor-Leste em Portugal, que depois a vai enviar para aqui, para que possamos coordenar com a Saúde e a Imigração, inclusive nos temas de quarentena”, referiu.

A inclusão de mais estudantes no voo forçou o segundo adiamento na data prevista de partida de Lisboa, que foi inicialmente marcada para 06 de setembro, adiada para 17 e agora para dois dias depois.

Uma das questões que está a suscitar alguma preocupação das famílias dos estudantes, que têm de custear a viagem, é o preço dos bilhetes, de 1.980 euros só da ida para Timor-Leste.

“Algumas pessoas desistiram por causa disso”, referiu.

A questão dos preços foi, aliás, levantada hoje por deputados no Parlamento Nacional, que hoje debate a renovação do estado de emergência.

Antonio Verdeal, do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), um dos partidos do Governo, apontou o exemplo dos estudantes que têm de viajar de Cuba, para quem o custo da viagem até Díli pode atingir os 3.500 dólares (2.960 euros).

“O Governo tem de dar atenção a esta questão. As famílias estão a ter de andar a pedir dinheiro para os bilhetes. O Governo deve apoiar e reembolsar as famílias”, afirmou.

O voo comercial, que tem por objetivo transportar professores e cidadãos portugueses e timorenses para Timor-Leste e retirar cidadãos portugueses e de outras nacionalidades daquele país, foi proposto pela própria EuroAtlantic, em resposta à preocupação com a falta de ligações comerciais regulares, suspensas indefinidamente desde final de março.

O voo permitirá o regresso a Timor-Leste de professores da Escola Portuguesa de Díli e do projeto CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar), que saíram no início de abril e estão ainda sem poder regressar.

Ainda que as listas finais estejam a ser concluídas, entre Lisboa e Díli devem viajar cerca de meia centena de professores dos CAFE e 58 professores e acompanhantes da Escola Portuguesa (incluindo 10 docentes que vão estrear-se em Díli)

Viajarão ainda entre Lisboa e Díli cerca de meia centena de outros passageiros.

No sentido inverso, no voo entre Díli e Lisboa, previsto para 21 de setembro, devem viajar cerca de 50 timorenses, a maioria estudantes que vão para Portugal e outros países, e dezenas de outras pessoas, maioritariamente portugueses.

Este voo permite ultrapassar as restrições que continuam a existir em Timor-Leste, com as autoridades de aviação a manterem por tempo indefinido a proibição da realização de voos comerciais regulares ou ‘charters’.

Atualmente, apenas operam voos da Austrália, através de um acordo com a AirNorth — praticamente limitados a cidadãos australianos –, e um voo quinzenal do Programa Alimentar Mundial (PAM) com acesso restrito a funcionários de embaixadas e missões internacionais, colaboradores e membros das agências das Nações Unidas. Uma situação que torna impossível a outros cidadãos, tanto timorenses como estrangeiros, entrar ou sair do país, praticamente isolado desde março.

Timor-Leste esteve sem casos ativos entre 15 de maio e 04 de agosto, tendo atualmente dois casos ativos.

A pandemia do coronavírus que provoca a covid-19 já fez pelo menos 857.824 mortos e infetou mais de 25,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência de notícias France-Presse (AFP).