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Mais de 4,2 milhões de utilizadores do TikTok em Portugal, 200 milhões na Europa, 170 na América do Norte e mais de mil milhões em 150 países no somatório de todos os que usam esta plataforma a nível mundial.

Os impressionantes números, mas não só, justificaram os 20 minutos de Khartoon Weiss, líder do TikTok na América do Norte e responsável do negócio em termos globais (tradução simplificada do inglês VP, GM, NA & Global, Global Business Solutions) no palco central da Web Summit.

TikTok há muito que deixou de ser uma simples rede social e uma App (aplicação) de entretenimento que nos ajudava a adormecer. Transformou-se numa plataforma aglutinadora, um enorme portão de descoberta onde as pessoas se reinventam, redescobrem, tomam decisões e procuram informações de viagens, leitura, comércio ou mesmo sobre política.

De força cultural a poder para todas as indústrias

Numa conversa, uma das mais aguardadas do dia, moderada pela jornalista Katie Drummond (Wired), a responsável do TikTok de imediato, clarificou sobre o real papel da plataforma. “É uma força cultural. É um poder para todas as indústrias”, disparou, energicamente.

“Estamos muito comprometidos com a nossa comunidade. O TikTok é um motor de crescimento cultural, alimentado pela criatividade. Nos últimos anos tornámo-nos numa comunidade criadora”, definiu a ex-Spotify.

O papel da empresa “é sobre dirigir crescimento”, um crescimento onde cabe “criadores que se tornam pequenos negócios”, até aos “7,5 milhões de pequenos negócios que temos na plataforma nos Estados Unidos” assim como “todas as marcas, grandes e pequenas”, identificou.

O objetivo é criar “um ambiente mais integrado de marketing, serviços e produtos e conexão na (nossa) comunidade”, disse.

Questionado sobre que tipo de apoio a plataforma presta aos criadores de conteúdos profissionais, Khartoon Weiss explicou. “Criamos diversas formas para que as pessoas se tornem empreendedoras. As comunidades criadoras são muito inspiradas, mas mais importante, são muito inspiradoras”, definiu.

A comunidade é tudo, sem esta, o TikTok não seria o mesmo. Assim, “a nossa responsabilidade é atribuir-lhes valor duradouro. Isso não pode ser um flash, e por isso, ajudamo-los com ferramentas e serviços”, descreveu.

Uma ajuda que vai do “dos dados” ou como a “IA está a ajudar a amplificar a criatividade, não a trocá-la”, ressalvou.

A plataforma está “comprometida para a comunidade criadora” e em garantir “que tenham uma vida longa”, destacou. Nesta condução, ajudam os criadores “em serviços de tradução, escalar fronteiras e, ultimamente, no crescimento do seu próprio negócio”, fixou, um crescimento onde a “tecnologia e a ampliação são o combustível”, comparou.

Do Mayor de Nova Iorque à loja de Lisboa, viagens e leitura

Weiss pegou na atualidade política para exemplificar o poder da plataforma. A campanha política de Zohran Mamdani, eleito Mayor de Nova Iorque,  “usou o TikTok, entre outras plataformas, para galvanizar um enorme número de votantes e um eleitorado com conteúdo muito inteligente de vídeos e mensagens”, atestou. Teve “entre aspas, impacto no mundo real, porque é tudo real” e serviu de exemplo como se pode “passar do espaço digital para o físico, social, político ou cultural”, participou.

Curioso o facto de ter introduzido o exemplo de NY, cidade norte-americana, um país onde o TikTok enfrentou (quase) proibição, dúvidas existenciais e poderá ter novos donos, processo que se tem arrastado com a administração Trump.

Mas a mão bem visível do poder do TikTok levou Khartoon Weiss a retirar do bolso um triângulo de exemplos onde cabe livros, viagens e compras.

“O BookTok causou um ressurgimento de 40% em livros comprados no mundo nos últimos 12 a 18 meses”, anunciou. “Assistimos ao regresso das pessoas aos livros, e isso é importante porque somos uma plataforma de educação, estamos aqui também para ajudar na aprendizagem”, avançou.

“As pessoas estão a viajar de Lisboa para Quioto baseadas em algumas das recomendações (TravelTok), e não a olhar só para grandes cidades e grandes monumentos, mas estão indo aos parques nacionais”, exemplificou.

Por fim, há o “impacto do pequeno negócio”. Entra em cena uma história pessoal. “Há nove meses estive em Lisboa como o meu marido, viemos por causa do Natal, é uma ótima cidade de Natal”, adiantou.

À procura de sugestões, “tive o melhor jantar que alguma vez usufruí aqui”. Acima de tudo, foi por essa via que encontrou um pequeno negócio, que viria a explodir. “Encontrei um fabricante de luvas de cabedal, em que a comunidade do TikTok escrevia que o proprietário só de olhar para as mãos encontraria a luva perfeita para cada pessoa”, recordou.

“Fui, em dezembro, enfrentei uma fila, ao frio, durante 45 minutos, apenas para deixar aquele homem encaixar a minha mão na luva”, recuou. “São as melhores luvas que alguma vez tive”, elogiou.

De regresso ao presente, antes de viajar para a Web Summit, “prometi à minha mãe, se tivesse tempo em Lisboa, iria à loja”, confidenciou à plateia.

Promessa concretizada. “Fui ontem. Não havia fila”. Mas também não havia produto. “Perguntei a uma senhora como poderia comprar o par de luvas para a minha mãe e a resposta foi: não pode. Só tenho este dois pares, deste tamanho, o resto está esgotado”. A culpa é do “TikTok”. “Fiquei chateada e empolgada”, sorriu.

“É o que a plataforma faz. É o que a comunidade fez, ajuda a melhorar a vidas de outras pessoas, seja lojas, o jantar ou até os livros vendidos, estamos emocionados e honrados com o impacto no mundo que a comunidade está realmente a ter”, enalteceu.

Confiança e segurança

Acusada em alguns países de ser uma influência negativa para os mais jovens (França), a responsável pelo negócio global do TikTok abordou, sem véus, a responsabilidade para com os utilizadores e a sociedade.

Colocou “confiança e segurança” no saco de argumentos. “Somos 170 milhões de utilizadores nos EUA, e se não tomarmos a confiança como elemento fundamental, não temos o direito de passar esse tempo com esses 170 milhões”, especificou.

Um ambiente de utilização seguro e a construção de uma tecnologia responsável é outra face da empresa. “Quando temos um ambiente seguro, a criatividade pode crescer, as pessoas sentem-se confortáveis em partilhar como são naturalmente”, assegurou.

Para os mais jovens, que não representam, pasme-se, a maioria dos utilizadores, há “permissões” e “proteções, mais de 50 programadas para alguma da nossa audiência mais jovem”, asseverou.

Elevado aos adultos, “a maioria dos que estão na plataforma tem mais de 18 anos”, a “moderação” passa a ser o guia de “comportamento primordial”, acrescentou. No final, pretender “um ambiente de visualização muito seguro e que todo o conteúdo que consigam experimentar seja amigável (não ofensivo)”, pormenorizou.

“Queremos garantir que estamos a retirar conteúdo potencialmente violento para os direitos da nossa comunidade ou violento para qualquer um dos nossos valores. É isso que iremos garantir que acontece primeiro”, avisou.

“Temos centros de transparência em todo o mundo, abrimos as portas, produzimos relatórios de transparência para possam consultar todos os dados estatísticos”, para que a comunidade se “sinta confortável em transformar o seu conteúdo em conversas ou negócios”, disse. 

Usar a IA para o bem

Questionada sobre se a Inteligência Artificial (IA) é um risco ou uma oportunidade, Khartoon Weiss, líder do TikTok na América do Norte e responsável do negócio em termos globais, foi incisiva.

Tem um “papel natural” a desempenhar na plataforma. “Usamos a IA para moderação, rotular, gerar escala e eficiência operacional para que possa crescer em segurança”, informou.

A IA “faz parte do nosso negócio”, “alimenta e amplifica a criatividade, não substituí-la” e é usada para o “bem”, sublinhou ainda.

A obsessão do algoritmo entrou no final da conversa. Khartoon Weiss deixou uma lista de garantias aos utilizadores e à comunidade que depende desta plataforma.

“Temos que redefinir a busca para que tenham todas as oportunidades de crescer na vida”, começou por dizer.

“Mais oportunidade e tempo passados com a comunidade criativa, mais descobertas na plataforma através da busca na web, que se tornou mesmo numa transação, tornou-se um comportamento experiencial na plataforma”, catalogou, nesta avanço sobre os novos caminhos.

“Estamos a criar oportunidades para a comunidade criativa passar a apresentar-se ao vivo ou ter comércio. São coisas que nós não apenas garantimos, mas que estamos a oferecer hoje”, finalizou.

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