Os 24 projetos vencedores e seis menções honrosas – correspondentes a 33 profissionais do fotojornalismo — estão distribuídos por quatro categorias: “Individuais”, “Reportagem fotográfica”, “Projetos de longo prazo” e “Formato aberto”, tendo o júri deste ano decidido incluir duas menções especiais.
Os nomes dos quatro vencedores globais serão anunciados a 18 de abril pela organização do prémio World Press Photo, criado em 1955 pela fundação homónima e sem fins lucrativos, no âmbito de um concurso que distingue, anualmente, fotografias que dão a conhecer ao público momentos que marcam a atualidade de povos e de sociedades em todo o mundo, e que se repercutem além-fronteiras, com consequências à escala global.
Nos prémios para a região de África, a categoria “Formato aberto” é partilhada por dois fotógrafos brasileiros – Felipe Dana e Renata Brito, da Associated Press – que investigaram as tragédias de uma rota atlântica utilizada por migrantes da África Ocidental para chegar à Europa numa viagem perigosa.
Na América do Sul, a fotografia vencedora é da autoria do também brasileiro Lalo de Almeida, e denuncia a “Seca na Amazónia”, com uma imagem de um pescador a caminhar ao longo do leito seco de um rio perto da comunidade indígena de Porto Praia.
Nesta mesma região, a fotojornalista brasileira Gabriela Biló recebeu uma menção honrosa pela imagem “Insurreição”.
O fotógrafo Mohammed Salem é o autor da fotografia vencedora na Ásia em projetos “Individuais”, com o título “Uma mulher palestiniana abraça o corpo da sua sobrinha”, uma menina de 5 anos embrulhada num lençol branco. A menina morreu depois da sua casa ter sido atingida por um míssil israelita, a 17 de outubro.
Na categoria “Reportagem fotográfica”, o trabalho de Ebrahim Noroosi sobre a devastação económica e humana no Afeganistão desde a chegada dos Talibãs em 2021 é o vencedor, enquanto o “Projeto a longo prazo” na Ásia foi para o fotógrafo chinês Wang Naigong, que regista o papel da família na luta de uma mãe contra o cancro, na China.
A fotografia individual da Europa foi tirada pelo turco Adem Altan durante o trágico terramoto que atingiu a Turquia e a Síria em fevereiro do ano passado, matando mais de 55 mil pessoas e desalojando 3,3 milhões.
A alemã Johanna Maria Fritz é a autora de “Kakhovka: Cheias numa zona de guerra”, a história fotográfica premiada da Europa, que revela o impacto humano da militarização do ambiente.
O projeto de longo prazo “No Man’s Land”, do franco-alemão Daniel Chatard, foi escolhido pelo júri europeu por documentar tecnologias inovadoras que oferecem vias possíveis para atingir os objetivos climáticos.
Em África, a imagem vencedora foi “Coming home from war”, captada na Etiópia pelo fotógrafo alemão Vincent Haiges, que mostra um rapaz de 24 anos a cumprimentar a mãe, depois de ter perdido uma perna ao ser atingido por uma granada durante o violento conflito interno.
A reportagem fotográfica da fotógrafa sul-africana Lee-Ann Olwage expõe a falta de sensibilização do público em Madagáscar em relação à demência, estigmatizando as pessoas que dela sofrem. A reportagem relata a vida de um homem de 91 anos que recebe cuidados da filha de 41 anos.
A Tunísia é o foco do “Projeto a Longo Prazo”, com o trabalho do fotojornalista Zied ben Romdhane a explorar as vidas dos jovens tunisinos que testemunham a instabilidade política, a persistente crise económica e a desigualdade social que esbateram as aspirações à democracia e à justiça social no rescaldo da revolução tunisina de 2011.
Na mesma região, o júri reconheceu a reportagem gráfica da venezuelana Adriana Loureiro Fernandez “Céus vermelhos, águas verdes”, que relata o impacto negativo da indústria petrolífera no ambiente e no tecido social da Venezuela.
A categoria de projetos a longo prazo na América do Sul distinguiu Pablo E. Piovano, da Argentina, por “Mapuche: o regresso das vozes antigas”, que destaca a cosmovisão dos povos indígenas como parte da sua luta contra os governos e as indústrias.
O peruano Marco Garro foi premiado por “Crimes silenciados”, histórias em formato aberto sobre a perseguição de pessoas LGTBQI+ na Amazónia peruana.
O fotógrafo espanhol Jaime Rojo, radicado no México, ganhou prémios na América do Norte e Central pela sua reportagem fotográfica “Salvando as Monarcas”, que aborda a migração das borboletas monarcas.
Alejandro Cegarra, fotojornalista venezuelano, é o autor do projeto de longa duração “The Two Walls”, que documenta a situação vulnerável das comunidades migrantes, destacando a sua resiliência.
Este ano, o júri dos prémios World Press Photo analisou mais de 61 mil trabalhos de 3.851 fotógrafos de 130 países.
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