"Lançaram-se numa caça às bruxas contra uma pessoa e um país. Quiseram demonstrar em Novak como funciona a ordem mundial e o que podem fazer contra qualquer pessoa", disse o líder nacionalista populista, citado pela agência noticiosa sérvia Tanjug.
"Vocês não humilharam Djokovic, mas humilharam-se a vocês próprios", disse Vucic, referindo-se às autoridades de imigração da Austrália, onde o primeiro torneio Grand Slam começa na segunda-feira.
"Aqueles que acreditam ter feito triunfar alguns princípios mostraram que lhes faltam princípios", disse o presidente sérvio, acusado de autoritarismo pela oposição.
"Maltrataram um tenista durante dez dias apenas para lhe entregar uma decisão cujo conteúdo conheciam desde o primeiro dia", acrescentou Vucic.
As autoridades australianas, em vez de dizerem desde o início que sem vacinação não se pode participar no torneio, anunciaram isenções, pelo que Djokovic procedeu como solicitado e viajou até lá, afirmou o presidente sérvio.
Vucic chamou ao processo judicial pelo qual o tenista sérvio teve de passar em Melbourne "sem sentido" e acusou o procurador responsável de mentir.
"Disse que o nível de vacinação na Sérvia é inferior a 50%. Antes de mais, não mintam, porque oficialmente 58% foram vacinados, mesmo 62%, se for tido em conta o número real de pessoas que vivem na Sérvia", insistiu.
Segundo dados da plataforma internacional de estatísticas “Our World in Data”, a percentagem de pessoas na Sérvia com o programa de vacinação completo é de apenas 47%.
Apesar disso, Vucic salientou que a quota de vacinação na Sérvia "é muito superior à de muitos países da UE", citando países como a Bulgária, Roménia, Eslováquia e Estónia.
“Aquilo foi um argumento sem sentido, mas em ‘espetáculos orwellianos’ tudo é possível”, disse.
A percentagem média de vacinação completa na União Europeia (UE) é atualmente de 70%, de acordo com “Our World in Data”.
Vucic prometeu que apesar de tudo o que aconteceu, a Sérvia irá comportar-se "incomparavelmente melhor" quando os atletas australianos chegarem a Belgrado em março para participar nos campeonatos mundiais de atletismo indoor.
"Não os maltrataremos, nem mostraremos a nossa força contra eles só porque temos eleições à porta. Mostraremos que somos melhores do que o governo australiano”, concluiu o presidente sérvio.
O Tribunal Federal da Austrália decidiu hoje por unanimidade que o cancelamento do visto do jogador de ténis pelo Ministro da Imigração tem uma base legal, pelo que Djokovic será deportado.
Em causa está o facto de o tenista não ser vacinado, ter violado diretrizes de isolamento e ter prestado falsas declarações.
A Associação de Tenistas Profissionais (ATP), que dirige o circuito profissional de ténis masculino, comentou que a expulsão de Novak Djokovic da Austrália "põe fim a uma série de acontecimentos profundamente lamentáveis".
“A decisão de hoje (domingo) de defender o cancelamento do visto australiano de Novak Djokovic põe fim a uma série de acontecimentos profundamente lamentáveis”, escreveu a ATP, sublinhando que “as decisões do tribunal sobre questões de saúde pública devem ser respeitadas”, mas que “a ausência de [Djokovic] do Open da Austrália é uma perda para o ténis”.
(Artigo atualizado às 10:43)
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