Da revelação com a camisola dos ‘encarnados’ ao estrelato de campeão europeu nos ‘dragões’, o antigo médio conhece bem os dois emblemas e desvaloriza a diferença de um ponto a favor do tetracampeão nacional (74 contra 73), que a seu favor tem ainda o facto de jogar no Estádio da Luz, onde não perde para o campeonato há mais de dois anos (1-2 com o FC Porto em 2015/16).
"Num clássico como este, obviamente não há favoritos. Independentemente do estado de forma em que as equipas se encontram, das vitórias ou derrotas nos últimos jogos ou da classificação, é um clássico e isso fala por si: um jogo extremamente difícil para ambas as equipas", afirmou à Lusa o ex-jogador.
Contudo, Maniche confessa a sua surpresa pelos deslizes recentes dos ‘azuis e brancos’, que permitiram a ultrapassagem do rival no topo da classificação. No seu entender, a repetição de erros que "já aconteceram nos últimos anos" veio condicionar as aspirações da formação de Sérgio Conceição.
"O primeiro objetivo é a Liga, e o FC Porto não podia facilitar como facilitou, tendo alguns pontos de vantagem para o segundo classificado, e agora tem de correr atrás do prejuízo. Já aconteceu isso nos últimos anos, em que não conseguiu demonstrar que tinha capacidade para encarar a pressão. No meu ponto de vista, o FC Porto facilitou", disse Maniche.
Por via dessa situação, o ex-internacional luso reconhece que o FC Porto está obrigado a ganhar para reforçar o sonho da conquista do campeonato, pois após o embate de domingo ficarão apenas doze pontos em disputa. E o momento positivo do Benfica, com a melhor sequência de triunfos da época, constitui um outro alerta para a equipa portista.
"As nove vitórias do Benfica dão confiança e moral à equipa, os jogadores são experientes, e, acima de tudo, é um jogo em que o FC Porto tem de ir atrás do prejuízo. Não é por este jogo que pode ficar afastado do título, mas com uma derrota pode ficar longe e saber que será muito difícil chegar ao primeiro lugar", referiu.
Com os dois melhores ataques da competição frente a frente, Maniche não espera surpresas de última hora e torce somente por um "jogo fantástico, intenso e aberto" entre os dois conjuntos. Confrontado com as dúvidas sobre a condição dos dois goleadores, Jonas e Marega, que estão a contas com problemas físicos, o ex-futebolista, de 40 anos, acentua o peso do avançado brasileiro.
"O Jonas é o expoente máximo da equipa do Benfica, enquanto o Marega é um jogador importantíssimo na equipa do FC Porto. Mas o FC Porto é mais um conjunto do que as individualidades, vale mais pelo seu todo. No Benfica, sim, o Jonas é um jogador determinante, mas também já vimos o Benfica ganhar sem ele", frisou.
Numa temporada marcada por enorme controvérsia e trocas de acusações fora de campo nos dois emblemas, o antigo centrocampista sublinha que o clima de guerra institucional não se vai fazer sentir dentro do relvado.
"Os jogadores já estão habituados a essas situações. São jogadores experientes, habituados a jogar perante muitos adeptos e alheiam-se disso. Para os jogadores não passa, mas para os adeptos talvez; mas, acima de tudo, estamos à espera de um grande jogo de futebol", sentenciou.
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