A tripulação madeirense do Cash a Lot (ORC 1) foi a grande vencedora do campeonato nacional de cruzeiros ORC prova que terminou ontem, na Madeira, e que ligou o Porto Santo ao Funchal, com passagem pelas Desertas e Ponta de São Lourenço (no campo de regatas da Quinta de São Roque) e envolveu 23 equipas oriundas da Madeira, Açores, Portugal continental e Canárias (Espanha).
Ao longo das 5 regatas realizadas (estavam previstas sete), quatro on shore, no Porto Santo e na Quinta do Lorde e outra offshore que ligou a ilha do Porto Santo à Ponta de São Lourenço, a embarcação que elogia as velas portuguesas que escolhe usar em competição foi a que mais pontos amealhou. Os açorianos do Super Açor (ORC2) e os madeirenses do Bombay (ORC3) foram os outros campeões de Portugal da classe de cruzeiros ORC.
Fora do pódio, mas bem perto do coração de todos os velejadores e da organização (a melhor de sempre, descrita por todos os participantes e verbalizado pelo presidente da FPV, António Roquete), a tripulação do Tridente (4º lugar em ORC3) mereceu merecidos aplausos pelo facto de ser constituída por “miúdos de 10 a 15 anos, capitaneados por uma já certeza e não uma promessa (Catarina Sousa, 16 anos)” da vela madeirense. “Uns estão a dar os primeiros passos nos Optimist, ao leme está uma miúda que anda em Laser... e cumpriram plano de regatas e o plano social até altas horas da noite”, relembrou Sérgio Jesus, presidente da Associação Regional de Vela da Madeira (ARVM). “Somos um veículo de fomento da vela e realizamo-nos no sucesso dos outros”, esclareceu.
Um “sucesso” que Catarina Sousa parece estar a aproveitar. “Se fosse noutro local muito provavelmente não participaria e não teria tido esta experiência fantástica”, notou a jovem velejadora.
Reconhecendo que havia o interesse de ganhar a regata “do ponto vista social e desportivo, em terra e no mar” e enaltecendo o trabalho de toda a equipa que “fundearam boias a 600 metros ou retificaram circuitos de regata em tempo recorde”, Sérgio Jesus aproveitou o palco para deixar expresso o lema da Associação de que é responsável: “desde sempre temos uma lema que é promover a vela na Madeira e a Madeira pela vela”, finalizou, considerando que os “objetivos estão cumpridos” e que pode passar o testemunho (e a herança) para a próxima paragem.
Recorde-se que para o ano, o nacional de cruzeiros ORC será realizada em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores, organizada pelo Angra Iate Clube, cujo presidente, Augusto Silva andou por estes dias na Madeira “a espiar”.
Madeira mais procurada por turistas mais ativos e menos contemplativos
Embora reconheça que “falta mar” nas celebrações dos 600 anos da Descoberta do Porto Santo e da Madeira, Guilherme Silva, presidente da Comissão que dá luz a estas festividades diz que a melhor forma de celebrar a epopeia é precisamente no “mar”.
O campeonato nacional de cruzeiros ORC foi o expoente dessa visão que juntou Federação Portuguesa de Vela, a Associação Nacional de Cruzeiros e a Associação Regional de Vela da Madeira (ARVM), associações que contaram com o apoio do governo regional madeirense através da direção regional de Turismo e da Comissão dos 600 anos.
“A Madeira é um fruto da aventura dos nossos antepassados velejadores. Nesta prova tivemos mar, gente do mar, gente que são os nossos velejadores de há 600 anos”, sublinhou o presidente da Comissão Executiva que, como bom político, perante a “controvérsia de historiadores sobre as reais datas”, explicou que houve um acordo para que a festa que começou “nos finais 2017, princípios de 2018” se “prolonga-se até 2020”, umas celebrações que colam com as do 10 de junho, que decorrem na ilha, no próximo ano.
17 anos depois da Madeira ter acolhido o Campeonato Nacional de Cruzeiros, Paula Cabaço, Secretária Regional do Turismo e da Cultura, não cabia em si de contentamento pelas celebrações dos 600 anos envolverem esta prova náutica, destacando a “importância do mar e dos desportos náuticos neste período”.
Um evento que teve o condão de mostrar “a mobilização do ponto vista turístico” e acima de tudo mostrar as “potencialidade da Madeira e a ilha do Porto Santo”, frisou durante a festa de encerramento do nacional de Cruzeiros. O facto de “envolver as duas ilhas” mostrou que “podemos ser palco de grandes eventos”, continuou.
Aproveitando o balanço, Paula Cabaço referiu que a Madeira “é cada vez mais procurada por turistas que não querem só usufruir do destino de uma forma contemplativa de turismo, de olhar as paisagens, mas querem ter um papel mais ativo na natureza ligado a desportos de montanha e ao mar”. Por isso, reconhece interesse da Pasta que dirige (Turismo) em “mostrar este lado, um turismo que pode ser feito ao longo de todo o ano”, pelo que não espera pela hora de receber o "Discoveries Race", prova que decorre que passa pelo Funchal e que liga Cascais (31 de junho) às Canárias (14 de agosto).
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