O FC Porto chega ao clássico desta sexta-feira contra o Benfica com mais três pontos na classificação da I Liga de futebol e Pedro Emanuel sublinha que os ‘dragões' partem com algum favoritismo e "ligeira vantagem" sobre os ‘encarnados'.

Em entrevista à Lusa, o ex-treinador do Estoril-Praia e antigo jogador do clube azul e branco assegura que um embate entre dois candidatos à 13.ª jornada "não é decisivo, nem pouco, mais ou menos", apesar de um triunfo de uma das equipas poder desequilibrar a motivação para o futuro da competição.

"No confronto direto acaba sempre por ser motivador; quer para o Benfica, que está num processo de recuperação, face ao que foi o início de época um pouco mais atribulado, quer para o FC Porto, que quer cimentar o primeiro lugar. Isso vai ser o lançamento para um bom jogo", refere.

Sem esconder que "será um jogo de resultado imprevisível", o antigo defesa central sustenta que o FC Porto tem um maior favoritismo face ao tetracampeão nacional, mesmo que isso possa não ter posteriormente reflexos no relvado.

"O FC Porto joga em casa e naturalmente quer dominar o jogo; já o Benfica, jogando fora, e estando atrás na tabela, sabe que não perder é importante, mas se ganhar fica com o objetivo de chegar ao primeiro lugar relançado. Há alguma vantagem para o FC Porto, pelo momento que atravessa e porque joga em casa", explica.

Um eventual triunfo do FC Porto pode abrir um fosso de seis pontos para o Benfica. Mesmo vincando que o jogo não é decisivo, Pedro Emanuel reconhece que é algo que pode "fazer mossa" e que este ano, perante o rendimento de FC Porto e Sporting, será mais difícil o Benfica voltar a fazer uma recuperação bem sucedida para o título.

"Acredito que o Benfica não tenha muitos menos pontos, o que é diferente é o FC Porto estar com muitos mais pontos. Agora, acredito que como o FC Porto e o Sporting estão este ano será mais difícil essa capacidade de recuperação. O FC Porto vai procurar cavar aqui um fosso e desmoralizar o adversário", frisa.

Por fim, o treinador, de 42 anos, desvaloriza a maior experiência de Rui Vitória em jogos grandes em relação a Sérgio Conceição, salientando a maior experiência do técnico portista enquanto futebolista de topo a nível nacional e internacional.

"Se calhar o Sérgio tem outro tipo de experiência enquanto jogador que o Rui nunca conseguiu ter. Isso também é uma boa forma de preparar o clássico. Mas não acho que quer um quer outro tenham alguma dificuldade a preparar estes jogos. Não acho que seja um handicap, acho que será sim uma luta entre dois treinadores competentes", conclui.

A pressão de um Clássico é sempre grande, mas António Simões reconhece que a pressão poderá ser maior sobre o Benfica caso perca esta sexta-feira diante do FC Porto, em jogo da 13ª jornada da I Liga de futebol.

O antigo futebolista do clube da Luz e da seleção portuguesa assume que um eventual desaire da equipa comandada por Rui Vitória poderá deixar marcas nos jogadores para o resto do campeonato e que este não apenas mais um jogo, fruto da "sua influência psicológica enorme" e que vai além dos três pontos.

"Este jogo tem uma importância acrescida, porque estamos a falar de dois candidatos ao título. São três pontos numa disputa direta e que têm influência no resto do campeonato, mas têm ainda mais no ‘day after'", afirma o ‘magriço' do Mundial de 1966, em declarações à Lusa.

A jogar à distância está também o Sporting, intrometido no segundo lugar (30 pontos) e entre os dois rivais deste Clássico. No entender de António Simões, o facto de os ‘leões' poderem capitalizar sobre este jogo não altera a pressão sobre ‘dragões' ou ‘águias' para o jogo, mas posteriormente pode pesar sobre o Benfica por ter de perseguir não um, mas dois rivais.

"A pressão é a mesma. O resultado do jogo é que pode aumentar essa pressão se o Benfica perder. A pressão de o Sporting estar descansadamente a assistir ao jogo não me parece que tenha qualquer influência. O melhor resultado para o Sporting é o Benfica não perder", afiança o ex-jogador, de 73 anos.

O facto deste clássico ter lugar no Estádio do Dragão é outro aspeto não negligenciável na abordagem ao encontro. Embora considere que tal situação vem perdendo algum efeito, António Simões salienta a importância das referências de jogar em casa para a formação portista, orientada por Sérgio Conceição.

"[O jogo ser no Dragão] Já tem influência. Nos últimos dez anos a diferença diminuiu entre jogar em casa e jogar fora, mas, pela ordem psicológica, o fator casa tem muita influência, porque há referências e uma identificação mais forte com os jogadores", observa, manifestando também a sua expectativa de um "grande jogo".

Já o treinador Manuel Cajuda admite que o duelo pode ter "importância inesgotável" para as contas do campeonato.

Em entrevista à Lusa, o experiente técnico sublinha o contraste entre um "FC Porto que tem encantado" e um "Benfica em turbulência", mas considera que o contexto específico de um clássico abre portas a um maior equilíbrio, ainda que com "ligeiro favoritismo" para os ‘dragões' de Sérgio Conceição.

"É um Porto ressuscitado e o mérito vai para o seu máximo expoente, o Sérgio Conceição. Com os mesmos jogadores está a fazer um campeonato notável", refere, acentuando de seguida a recuperação do rival ‘encarnado': "Em poucos dias viu recuperar pontos ao primeiro lugar e isso é aliciante e motivador".

Na jornada anterior o FC Porto não foi além de um empate (1-1) em casa do Desportivo das Aves, enquanto o Benfica conseguiu uma moralizadora goleada (6-0) sobre o Vitória de Setúbal. Confrontado com a influência que estes diferentes desfechos podem ter no jogo no Estádio do Dragão, o técnico, de 66 anos, prefere relativizar o impacto.

"Em relação ao FC Porto, não me parece que possa afetar um milímetro a sua conduta. É como uma nuvem de chuva que passou no meio da seca. Em relação ao Benfica, sim. É um resultado seguramente motivador e desejável. Foi uma vacina importante para aquilo que se perspetivava como um futuro desastroso do Benfica", referiu.

A correr por fora neste clássico está o Sporting, atual segundo classificado, com 30 pontos, menos dois do que o líder FC Porto (32) e mais um do que o terceiro, o Benfica (29). Para Manuel Cajuda, os ‘leões', além de serem a equipa que, no seu entender, joga o melhor futebol da Liga, podem também sair desta ronda como os grandes vencedores.

"A questão do Sporting é que não está nesta guerra, está a correr por fora. Pode ver o jogo tranquilo no sofá, porque, desde que ganhe o seu jogo [contra o Belenenses], qualquer resultado é bom. Não tem de se meter nesta guerra", explica.

A disputa do clássico a poucos dias da última jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões é um fator a ter em conta, uma vez que os ‘dragões' estão bem lançados para seguir para os ‘oitavos', mas o Benfica já sabe que está eliminado. Porém, o antigo treinador de Vitória de Guimarães, Braga ou Marítimo, entre outros, garante que todas as atenções estarão neste jogo.

"Não me parece que uma destas equipas queira abdicar do primeiro lugar para ser campeão europeu, porque isso parece-me que não vai acontecer", finaliza.

[Notícia corrigida às 11:22 - Corrige o nome de António Simões]