“Antes mesmo das declarações ontem [terça-feira] produzidas no Japão, já tínhamos contactado a Direção Geral da Saúde (DGS), no sentido de nos municiar toda a informação disponível, percebermos a escala e dimensão do problema, os cuidados de natureza preventiva ou de outro tipo relativamente a Tóquio2020”, explicou José Manuel Constantino à Lusa.
O dirigente referia-se a declarações de Toshiro Muto, responsável máximo do Comité Organizador de Tóquio2020, que se mostrou “muito preocupado” com a propagação do vírus e possível impacto no evento desportivo.
"Estou muito preocupado com a propagação da doença infecciosa do coronavírus porque poderá travar o ambiente e o impulso para a organização dos Jogos. Espero que isto acabe o mais depressa possível", disse à cadeia estatal japonesa NHK, antes de uma reunião com o Comité Paralímpico Internacional.
Constantino comparou a situação com a do Rio2016, também ‘ameaçado’ pelo vírus zika, e afirmou que, desta feita, o COP aplicou a mesma conduta, esperando agora mais informação.
Nessa altura, o diretor-geral da Saúde fez “uma ação de formação com todos os atletas”, com o COP a aguardar agora uma resposta da DGS.
Ainda antes dos Jogos em si, há “um conjunto de provas de apuramento olímpico previstas para a China e o Japão”, do skate ao triatlo ou à natação artística, notou Constantino, lembrando o cancelamento dos Mundiais de atletismo de pista coberta, em Nanjing, que passaram para 2021.
“Vamos ter de aguardar a evolução da situação e perceber se terá impacto direto ou indireto na organização dos Jogos Olímpicos”, reforçou.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio vão decorrer de 24 de julho a 09 de agosto.
Até ao momento, os organizadores de Tóquio 2020 só tinham feito declarações genéricas sobre a vontade de tomar "qualquer medida necessária" perante "qualquer incidência de doença infecciosa" e sem uma referência concreta ao novo coronavírus chinês (2019-nCoV).
Na semana passada, a governadora da capital, Yuriko Koike, foi mais contundente ao desmentir rumores sobre a possibilidade de cancelar os Jogos Olímpicos, enquanto o Governo japonês aplicou várias medidas destinadas a conter a propagação do vírus
Responsáveis do Ministério da Saúde japonês e da organização de Tóquio 2020, entre outros, deverão reunir-se no final desta semana para analisar a situação e discutir possíveis medidas preventivas relacionadas com os Jogos Olímpicos.
No Japão foram registados 33 casos confirmados de infeção, incluindo uma dezena de passageiros de um cruzeiro que se encontra em quarentena no porto de Yokohama (a sul de Tóquio) com 3.700 pessoas a bordo.
A China elevou hoje para 490 mortos e mais de 24.300 infetados o balanço do surto de pneumonia provocado por um novo coronavírus (2019-nCoV) detetado em dezembro passado, em Wuhan, capital da província de Hubei (centro), colocada sob quarentena.
Além do território continental da China e das regiões chinesas de Macau e Hong Kong, há outros casos de infeção confirmados em mais de 20 países, o último novo caso identificado na Bélgica.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou na quinta-feira uma situação de emergência de saúde pública de âmbito internacional, o que pressupõe a adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial.
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