“Estive três semanas fora, em novembro, na altura [do ataque] estava ausente. Não me apercebi, depois a Polícia Judiciária (PJ) apareceu com uma série de questões. Como tenho todos os ‘logs’ [registos de acesso] desde 2013, eu próprio fiz uma pequena investigação e entreguei aquilo à PJ”, afirmou o especialista, no depoimento que abriu a 24.ª sessão no Tribunal Central Criminal de Lisboa.
Depois de descrever o funcionamento, a orgânica e a distribuição de permissões do sistema informático da PGR, José Luís Cristóvão revelou também que a PGR era “constantemente” alvo de ataques e que tinha já o apoio de uma empresa de consultoria informática, sendo que a mesma elaborou posteriormente um relatório baseado no período em que o criador do Football Leaks teria acedido ao sistema.
Na sequência dessa informação, a procuradora do Ministério Público (MP), Marta Viegas, pediu um intervalo para consultar o relatório. Sem conhecimento até então da existência do documento, a magistrada acabou por requerer a junção do relatório aos autos do processo, ao que a defesa de Rui Pinto não se opôs.
Contudo, as informações do relatório da empresa VisionWare acabaram por travar o rumo da sessão do julgamento, já que o Ministério Público exigiu tempo para estudar o documento e pediu a interrupção da inquirição ao especialista informático da PGR, que será apenas retomada no próximo dia 2 de dezembro.
O julgamento prossegue durante a tarde com as testemunhas dos assistentes do processo e estão agendadas as audições de Tiago de Almeida, Joana Boaventura Martins, Filipa Cota Salgado, Maria João Domingos, Catarina Medeiros e Nuno Ribeiro.
Rui Pinto, de 32 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.
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