C’est fini com as melhores lentes possíveis!
Um fim de semana de luta pelo pódio… e enquanto uns lutavam pelo ouro (e prata), outros disputavam uma luta entre o amargo e o menos amargo: a luta pelo 3º lugar.
Bélgica e Inglaterra marcaram um encontro de derrotados das meias-finais, com os da Sua Majestade desejosos de garantir algo para mais tarde lembrar. Contudo, Kevin de Bruyne quis fazer a última desonra à Ilha que nunca foi invadida (dizem eles…) e, num jogo de topo do médio-ofensivo belga, a Inglaterra acabou fora do pódio.
Meunier voltou a desbloquear o jogo, Lukaku agarrou Stones e McGuire, com Eden Hazard e De Bruyne a dar uma lição de como atacar sem ser em modo all-in. Pickford bem tentou defender tudo, mas os dois golos apareceram… uma última estocada no sonho inglês.
Depois de fechar o 3º lugar, veio o encontro pelo qual todos ansiavam e esperavam, a última favorita a resistir, França, e o underdog que galgou metros e minutos (extra) durante a fase a eliminar, a Croácia. Quem iria sair por cima?
A expressão de festejo de Emmanuel Macron é um spoiler alert daqueles que estragam o filme por inteiro… menos para os franceses. Os Les Bleus fizeram uma 1ª parte de “sofrimento” saindo para o ataque de forma controlada, enquanto que a Croácia garantia a gestão de bola e o trabalho no “miolo”. Mas como veem, Macron começou a festejar desde cedo, graças ao mestre dos festejos, Antoine Griezmann.
Numa noite em que podiam existir alguns heróis para nunca mais esquecer, foram Griezmann, Pogba e Mbappé a roubar as atenções de todos (Hugo Lloris bem que tentou fazer algo diferente… correu mal), retirando os holofotes de Luka Modric na final.
De qualquer forma, o mágico croata recebeu o prémio de Melhor Jogador do Campeonato do Mundo… sem dúvida alguma, merecido. Todos, mas todos os adeptos, treinadores e jogadores concordaram neste aspeto e a presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarović, sentiu que devia um reconhecimento especial a um dos melhores médio-centros de todos os tempos.
Um pormenor que escapou a todos: o anular francês às estrelas do Mundial
Notem que a maioria dos entendidos criticaram após o apito final o facto de França ter conquistado o Mundial, porque não joga um futebol-total, não exerce um domínio avassalador, não agita o jogo de forma constante e não espelha uma beleza genial no campo.
Tudo críticas aceitáveis, não fosse o facto de França ter terminado o Mundial sem qualquer derrota, consentindo única e exclusivamente um empate (Dinamarca, 0-0, no último jogo da fase de grupos) em toda a competição. Não foi a um tempo-extra, superou a favoritíssima Argentina, sonegou a incrível Bélgica e goleou a brilhante Croácia. Mas os resultados por vezes mentem e contam uma história diferente.
Quantos vencedores de grandes competições jogaram um futebol detestável e quase medíocre, só que conseguiram aguentar a pressão dos seus adversários e acertaram nas redes de forma certeira?
Todavia, vejamos um ponto que talvez ajude a aceitar o facto de França merecer ocupar o trono em 2018: anulou todas as grandes estrelas. Como assim? Exatamente o que dissemos, anulou todos os MVP’s adversários.
Argentina: Lionel Messi acabou o encontro com duas assistências, uma por acaso, que terminou numa tabela de Gabriel Mercado, e a última num centro-guiado para Kun Aguero. Contudo, o astro esteve longe do fulgor atacante que costuma emanar, muito por culpa de N’Golo Kanté e a sua genialidade em tirar conforto aos médios-criativos. Mesmo assim, os franceses descuidaram-se em dois momentos e em dois momentos Messi deixou a sua marca.
Uruguai: Cavani ficou de fora por lesão, o que deixou Suárez encarregue das operações no ataque. O avançado foi responsável por um único remate durante todo o encontro, sempre longe da grande-área. Varane e Umtiti foram cínicos ao desarmar El Pistolero, que nunca se encontrou na frente com Stuani.
Bélgica: nem Eden Hazard, nem Kevin De Bruyne arranjaram soluções para o ataque belga que foi asfixiado por completo pelo coletivo francês, onde Lukaku caiu num vazio anormal… organização, solidez e frieza foram as palavras de ordem. Por outro lado, Hazard perdeu-se em dribles inconsequentes (Pogba secou o seu ainda adversário da Premier League) e De Bruyne não teve espaço para correr desenfreadamente ou jogar com calma. Nenhum dos fantasistas encontrou o melhor caminho para a baliza, apesar de dois remates estrondosos.
Croácia: Modric e Rakitic eram os maestros da companhia, com especial incidência sobre o trintão do Real Madrid, porém, não houve sinfonia no Xadrez croata e em muito se deve à pressão bem esmiuçada por Kanté (até aos 40 minutos), Matuidi, Pogba (perdeu algumas bolas no ataque, mas foi imperial a defender) ou Pavard. Modric actuou excessivamente longe da área, talvez por culpa de Brozovic, que nunca se entendeu bem na hora de sair para o ataque ou de ser uma opção credível nesse sector.
Messi, Suarez, Hazard, De Bruyne, Modric e Rakitic foram vítimas da solidariedade gaulesa, que soube limitar ao máximo possível a acção dos heróis das seleções adversárias. Não é um ponto mais que suficiente para aceitar que a França foi o coletivo mais inteligente a jogar ou, pelo menos, a defender?
O rei dos festejos foi quem mais brilhou
Como já foi referido, Antoine Griezmann é o rei dos festejos, sempre criativo a celebrar os seus golos (na final recorreu a uma famosa dança do jogo Fortnite). No jogo da final, Griezmann apenas teve uma oportunidade para dar aso à sua imaginação com o golo marcado de penálti, mas a influência do avançado francês não se ficou por aí.
É dele o livre que dá origem ao primeiro golo (numa infelicidade de Mandzukic), é dele o passe para Pogba fazer o terceiro golo na segunda tentativa. Griezmann está envolvido em 3 dos 4 golos da França. Uma exibição excelente do avançado do Atlético de Madrid, que foi decisivo na conquista do título.
A equipa francesa assentou nos equilíbrios do seu meio campo (com Pogba e Kante) mas também no brilhantismo de Mbappé e Griezmann, e a final teve essa magia do 7 francês. Mesmo sem olhar para os golos e assistências, Griezmann foi sempre dos mais perigosos da França e dos mais temidos pela defesa croata. A jogar no meio, lado a lado com Giroud, Griezmann aproveitou as muitas bolas ganhas pelo ponta-de-lança para, de frente para o jogo, meter velocidade no meio e criar desequilíbrios no corredor central. O primeiro golo nasce precisamente de uma falta sobre Griezmann quando este começa a acelerar o jogo no último terço.
A importância do 7 gaulês foi, nesta final, semelhante à que teve para a sua seleção durante todo o Mundial: criador no último terço, fantástico de frente para a baliza e muito eficaz. Griezmann apontou 4 golos no Mundial, 3 deles de penálti. Sem nunca tremer da linha dos 11 metros, o avançado cumpriu com eficácia e frieza. E todos sabemos o quão complicado um penálti pode ser num momento de tanta pressão (nós perdoámos-te, Cristiano!).
A FIFA concorda com a nossa análise e elege Griezmann como o melhor jogador da final. Pelo golo, pelas duas “assistências” e pelo que deu ao jogo da França com bola. Um dos melhores do mundo, a brilhar na final mais importante do futebol.
O onze das finais do fim de semana:
GR – Courtois (Bélgica)
DF – Vertoghen (Bélgica), Umtiti (França), Meunier (Bélgica) e Kompany (Bélgica)
MC – Pogba (França), Kevin de Bruyne (Bélgica) e Eden Hazard (Bélgica)
AV – Mbappé (França), Griezmann (França) e Perisic (Croácia)
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