As contas não são difíceis de fazer para o lado dos napolitanos: 8 jogos 8 vitórias. Um percurso 100% vitorioso ao sabor de 26 golos (x 3,25 por jogo) marcados. É isto. Não há grande volta a dar. Até sensivelmente meio de outubro, a turma de Sarri sempre que entrou em campo, só sabe o que é sair dele com o tão ambicionado sabor a vitória. Quer seja na condição de visitante ou de visitado, amealhou sempre os três pontos. Dado curioso: fez cinco jogos fora e apenas três em casa. E, na teoria, às avenças com deslocações mais complicadas (Roma, 0-1; Lazio, 1-4; Bolonha 1-3) do que os embates no San Paolo (Cagliari, 3-0; Benevento, 6-0; Atalanta, 3-1).

Escreve o FourFourTwo que uma equipa não era tão prolífica a fazer balançar a rede, à oitava jornada, como este Napóles desde a época 1959/60.

As contas do Manchester City são quase idênticas: 8 jogos, 7 vitórias e 1 empate. Um percurso praticamente imaculado a reboque de 29 golos (x 3,65 por jogo) marcados. O 'Incrível Hulk', da Marvel, tem por repto o celebre grito "Hulk, Esmaga". Neste início de época, o City parece entrar em campo a querer fazer o mesmo aos adversários (Liverpool, 5-0; Watford, 6-0; Cristal Palace, 5-0; Stoke, 7-2) tal é a enxurrada de vezes que obriga os guarda-redes dos seus oponentes a ir buscar a bola ao fundo das balizas.

Não é de estranhar, portanto, que em plena conferência de antevisão da partida, Sarri tenha descrito o seu adversário desta noite como sendo “de longe, neste momento, a equipa mais forte da Europa”. Pep Guardiola, por seu turno, também não se fez rogado e retorquiu de volta os elogios aos italianos. Nem que seja porque a premissa dentro das quatro linhas é semelhante: pressão alta, controlo de espaços e passe. Isso e ocupar espaços, jogar no último terço, etc… Enfim, jargão futebolístico para no final se dizer que é um fartote de jogar à bola.

Mas quem é que comanda estes dois ataques letais? Quem são os principais criadores, os que fazem a diferença e que passeiam souplesse no relvado? Foi isso que o site britânico foi à procura.

Majestic Mertens, o pequeno grande líder

Os homens não se medem aos palmos. Sempre foi assim. Num jogo de futebol, é sempre bom ter um calmeirão na defesa, um vigoroso a fechar espaços e linhas no centro do terreno, mas lá na frente é esperada e quer-se magia. Em suma, neste contexto, o que importa é habilidade dos pézinhos. E Mertens tem desta que se farta.

O belga, de 1,69m, é o rapaz com mais golos marcados de todos aqueles que vão entrar em campo. Dos seus pés saíram sete tentos certeiros. Na época passada, em 35 jogos, marcou 28. Originalmente, jogava na asa esquerda napolitana. Mas Sarri viu nele um jogador capaz de fazer mossa noutra posição. Saiu faixa, de onde flectia para o interior, para passar a jogar no centro do terreno. Esta mudança leva a que o belga, de 30 anos, funcione como turbina goleadora dos partenopei da Campânia. Não é difícil perceber porquê, se a este móvel avançado juntarmos os dotes de Callejon (4 golos) e Lorenzo Insigne (3 golos).

Do lado dos citizens, Sergio Aguero, Gabriel Jesus and Raheem Sterling contam com 6 golos cada um na Premier League. O extremo alemão, ex-Schalke 04, Leroy Sané, tem 4.

Um ‘Maestro’ e um trequartista entram num bar para falar de assistências

Um pequeno desafio: se ainda não viu o resumo do último jogo do Manchester City frente ao Stoke City, partida na qual citizens já venciam por seis bolas a zero a meia-hora do desfecho do encontro, vamos recomendar que o faça. Não só pelo caudal ofensivo dos homens de Pep Guardiola evidenciou, que até assinaram uma das melhores exibições desde que este chegou a Inglaterra, mas sim para observar um pouco melhor o talento de Kevin De Bruyne (é difícil esquecer que José Mourinho achou que este não servia para o seu Chelsea).

O belga faz duas assistências milimétricas de encher o olho. A primeira, o jogo estava nos 55’. Antecipa o lance, desarma o adversário e faz um passe em ruptura que rasga toda a defesa do Stoke e onde Gabriel Jesus só tem de encostar; menos de dez minutos depois, faz o mesmo. Nova antecipação, novo passe e Sané fazia o 6-0, aos 62’. A sua capacidade de leitura de jogo destacou-se e saltou à evidência de todos. E muitos há com a mesma a capacidade. Só que naquele lance há ainda extensas evidências de capacidade técnica, condução de bola e passe. Agora, pensar em aliar todas estas características num só rapaz... Pois, torna-se complicado. Mas o ex-Wolfsburgo fá-lo. E como poucos. Até porque, desde que regressou à Premier League, em setembro de 2015, já fez 32 (!!!) assistências. Mais do que q-u-a-l-q-u-e-r outro jogador. Golos para o campeonato, no entanto, têm apenas um.

Ainda assim, não é só o talento deste magnífico jogador que faz parte do mundo criativo do esquema de montado por Guardiola. Há outro espanhol ali que joga e faz jogar. David Silva, diz a estatística, até tem mais uma assistência para golo do que De Bruyne: ora, para o ex-Valência, que agora até joga praticamente sem cabelo, algo que levou a que no início da época muitos se interrogassem quem seria aquela “contratação”, já lá vão 6. E um golito — precisamente frente ao Stoke.

Do outro lado do terreno, na equipa contrária, também há gente que sabe entregar a redondinha para levar o adepto a gritar e a levantar o rabo da cadeira: Mertens e Callejon contam com duas assistências e Ghoulam, com três.

Moer o adversário, o mais avançado possível no terreno. O estilo de jogo em comum

Guardiola e Sarri favorecem um estilo de temporização rápida e de passe curto. Isto resulta duma pressão (muito) alta do seu jogo sem bola — especialmente no início de cada parte. Ambos são muitos rígidos na sua filosofia e têm uma mentalidade altamente estruturada no que a este conceito concerne. Uma pequena análise sobre esta abordagem tática nos primeiros 8 jogos para o campeonato, revela que, em ambos os casos, se constata o mesmo efeito no seu jogo: marcam mais na segunda parte do que na primeira. Nos primeiros jogos desta temporada, para o campeonato, tanto o Nápoles como o City marcaram 10 golos durante o primeiro período de jogo contra os 16 e 19 marcados, respetivamente, no segundo tempo.

No entanto, há particularidade: os azuis de Manchester ainda não marcaram nos primeiros quinze minutos de jogo, enquanto os napolitanos já marcaram 4 golos neste período. A ver se esta noite de que lado vai pender a balança estatística.

"Espero que possam desfrutar", diz Pep

“Espero que os espectadores no Etihad e as pessoas que decidam ver-nos pela TV possam desfrutar[do jogo]”, revelou Guardiola.

A expectativa, pegando apenas nos números, indicam que há uma probabilidade alta disso acontecer.

Nápoles, no campeonato: 1º lugar, 8 jogos, 8 vitórias; 26 golos marcados, 5 sofridos.
Manchester City, no campeonato: 1º lugar, 8 jogos, 7 vitórias e 1 empate; 29 golos marcados, 4 sofridos.

Grupo F, Champions, à 2ª jornada:

1º Manchester City, 6 pontos (2 vitórias; 6 golos marcados, 0 sofridos)

2º Shakhtar, 3 pontos

3º Nápoles, 3 pontos (1 vitória, 1 derrota; 4 golos marcados, 3 sofridos)

4º Feyenoord, 0 pontos