Lucas ‘Chumbo’ (21,06 pontos), que fez equipa com o português Nicolau von Rupp (14,30), e Maya Gabeira (11,71) obtiveram as pontuações mais altas do dia na competição masculina e feminina, respetivamente, conseguindo ambos as melhores duas ondas, que lhes proporcionaram os títulos, logo na primeira ronda.
A dupla ‘Chumbo’ e Nicolau von Rupp arrecadou o prémio por equipas, e o australiano Jamie Mitchell venceu o prémio especial de “comprometimento”, atribuído pela organização, numa onda em que quase conseguiu sair de um tubo enorme.
Ainda assim, o australiano acabou por ser apanhado nessa onda e teve que ser retirado de mota de água do mar e encaminhado para o hospital, devido a fortes dores nas costas.
E não foi a única vítima do Canhão da Nazaré, já que houve mais três atletas que tiveram que ser hospitalizados.
A francesa Justine Dupont partiu o pé direito logo no arranque da competição, e os portugueses Nicolau von Rupp (suspeita de costela partida) e António Silva (traumatismo craniano) também se lesionaram, num dia em que as ondas da Praia do Norte não estavam tão grandes como noutras ocasiões, mas estavam perfeitas para a prática da modalidade.
Isso mesmo foi realçado à Lusa pelo havaiano Garrett McNamara, que confessou ter chegado há dois dias a Portugal de propósito para assistir ao evento, e que, mesmo estando fora do quadro competitivo, admitiu que sentiu muita vontade de surfar.
“Hoje era um bom dia para estar na água. Portugal está ‘on fire’ [em lume]”, afirmou o antigo detentor do recorde mundial para a maior onda surfada, conquistado na Praia do Norte.
O seu sucessor, o brasileiro Rodrigo Koxa, ficou em 11.º na geral, com 11,29, e disse à Lusa que vai continuar a atacar as ondas gigantes da Nazaré à procura de bater o seu próprio recorde.
“Se consegui surfar aqui uma onda de 24 metros, porque não ir atrás de uma de 25 ou 26? Se aparecer uma onda dessas, e eu estiver bem posicionado, vou tentar quebrar o recorde mundial”, garantiu.
Na cerimónia de entrega dos prémios, os vencedores destacaram as fortes emoções vividas dentro e fora de água, elogiando o poder das ondas gigantes da Nazaré, que atraíram muitos fãs de surf e curiosos à Praia do Norte.
“Amo a Nazaré como se fosse a minha casa. É muito bom chegar aqui e conseguir uma boa performance”, lançou à Lusa Lucas Chianca.
Questionado se ambiciona chegar um dia a recordista mundial, ‘Chumbo’ não escondeu essa intenção: “É um dos meus grandes objetivos. Sinto uma grande conexão com a Nazaré”.
Por seu turno, Maya Gabeira reconheceu que entrou hoje no mar para competir bastante nervosa, depois de assistir de perto ao acidente que lesionou a sua rival francesa Justine Dupont.
“Hoje foi difícil, estava super-stressada depois de ver a queda da Justine. E, durante a minha bateria, a nossa mota de água foi apanhada por uma onda e caímos, fiquei com muitas dores na coluna. Até chorei”, adiantou à Lusa a surfista carioca, que acabou por recuperar e vencer a competição feminina.
Apesar do susto, Gabeira quer voltar a encarar a força das ondas nazarenas, e tentar bater o seu próprio recorde mundial. “Amo o que faço e o céu é o limite”, rematou a surfista canarinha.
Já Nicolau von Rupp mostrou-se entusiasmado com a vitória por equipas ao lado de ‘Chumbo’ e, apesar da lesão, garantiu à Lusa que este foi mais um dia para ficar gravado na sua memória.
“Tenho treinado muito aqui na Nazaré e o esforço compensa. Estou muito satisfeito com a vitória, o Lucas foi incrível, e vou continuar a trabalhar ao máximo para estar pronto para voltar a enfrentar estas ondas monstruosas”, assinalou.
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