“No que diz respeito aos resultados que atingimos em Paris, estamos satisfeitos. Passa uma imagem de um país que conseguiu consolidar [os resultados] passado três anos, depois de um aumento significativo face a edições anteriores. Havia efetivamente as dúvidas de se era um crescimento consolidado e eu acho que hoje estamos aqui e podemos afirmar que sim”, destacou o chefe de Missão.

Depois das inéditas quatro medalhas conquistadas na capital japonesa — o ouro de Pedro Pablo Pichardo no triplo salto, disciplina em que Patrícia Mamona alcançou a prata, e os bronzes do judoca Jorge Fonseca (nos -100kg) e do canoísta Fernando Pimenta (em K1 1.000 metros) -, Portugal somou novamente o mesmo número de ‘metais’, mas com ‘cores’ mais importantes.

Rui Oliveira e Iúri Leitão uniram-se na pista para serem os primeiros campeões olímpicos fora do atletismo, ao conquistarem o ouro no madison, dois dias depois do segundo ter-se sagrado vice-campeão olímpico no omnium. O ‘medalheiro’ português ficou completo com a prata de Pedro Pichardo no triplo salto e o bronze da judoca Patrícia Sampaio em -78 kg.

“Naturalmente, os Jogos são os Jogos, não são mais um Campeonato do Mundo, não são mais um Campeonato da Europa e efetivamente aquilo que estes atletas conseguiram alcançar aqui, não só os medalhados, mas também os restantes, é efetivamente digno de registo”, vincou Marco Alves, em conferência de imprensa em Saint-Quentin-en-Yvelines, onde Maria Martins ‘fechou’ a participação portuguesa.

Questionado sobre os objetivos estabelecidos para estes Jogos, nomeadamente as quatro medalhas, o chefe da Missão lusa defendeu que “não seria entendível, nem para as federações, nem para os atletas, nem para a própria sociedade civil”, que o Comité Olímpico de Portugal (COP) baixasse a fasquia depois daquilo que aconteceu em Tóquio, até porque “o desporto é feito de ambições”.

“Nós baseamos muito daquilo que é a avaliação do mérito desportivo, por aquilo que acontece em contexto de Campeonatos do Mundo, em rankings mundiais, em rankings de qualificação. Portanto, é um processo em crescendo. Três anos antes, eventualmente, não teríamos [identificados] todos os atletas que estariam em condições de suportar uma medalha nos Jogos de Paris. Confiávamos no projeto olímpico”, assumiu.

Alves recordou que este é um projeto que o COP vem acompanhando desde há muito tempo, principalmente pela mão do seu presidente, José Manuel Constantino.

“Efetivamente, traduziu-se em Paris aquilo que foi um trabalho sério, um trabalho com muita dedicação e com atletas extraordinários”, realçou.

Antes, o chefe de Missão, cargo que repetiu em Paris2024, tinha começado por salientar as duas ‘medalhas’ com que a delegação portuguesa aterrou na capital francesa.

“O facto de termos mais de 50% dos atletas estreantes nesta edição dos Jogos é um facto que deve ser realçado. Estamos a falar de processos de qualificação cada vez mais exigentes, mesmo face à experiência de Tóquio. Muitas quotas foram diminuídas para a presença nos Jogos Olímpicos de Paris. E também para o facto de, não tendo uma influência direta sobre aquilo que é o processo de qualificação, […] esta Missão ter sido representada por mais atletas femininas do que atletas masculinos. É um virar de página também neste capítulo”, avaliou.

Marco Alves quis ainda agradecer a todos os envolvidos na Missão portuguesa, nomeadamente aos treinadores, considerando que quantos mais existirem com “a experiência de Jogos, com a experiência internacional, mais valorizado sai o processo de preparação, mais valorizado sai o processo de competição”.

“Não posso deixar de dar uma palavra aos familiares e aos amigos dos atletas que marcaram presença em Paris. Muitos deles fizeram um esforço gigante para poderem acompanhar esta participação, para poderem estar nesta cidade, e não podemos, naturalmente, deixar de dar esta palavra de conforto, porque eles também deram o conforto que os atletas precisavam nos bons e nos maus momentos”, observou.

* por Ana Marques Gonçalves, da agência Lusa