“O Olympique de Marselha condena fortemente o ataque inaceitável que sofreu a meio da tarde no interior do centro de treinos. Algumas centenas de ‘ultras’ forçaram a entrada na ‘Commanderie’, incluindo o edifício da estrutura profissional. Apesar da intervenção da polícia, um momento injustificável de violência ameaçou a vida de todos os presentes”, pode ler-se num comunicado hoje publicado, poucas horas depois do sucedido.

A partida de hoje com o Rennes, marcada para as 20:00 de Lisboa, foi adiada.

As ações “devem ser condenadas com a maior severidade”, o clube “tem provas” e enviou-as à polícia, com a garantia de que “vai apresentar queixa nas próximas horas para defender o clube deste barbarismo”.

Por outro lado, e apesar da intervenção policial, ocorreram “roubos” e foram danificados vários veículos, além de terem ardido cinco árvores, com “danos no interior de edifícios a causarem prejuízos de várias centenas de milhares de euros”.

“Três centenas de funcionários estão em choque hoje, por terem vivido este ataque inenarrável contra o ‘OM’. Isto requer a maior severidade contra os criminosos que se dizem adeptos mas destroem instalações e ameaçam funcionários e jogadores”, disse, citado em comunicado, o presidente do clube, Jacques-Henri Eyraud, um dos principais alvos da ‘ira’ dos invasores,.

No mesmo documento, o guarda-redes Steve Mandanda é citado como considerando os eventos “inaceitáveis”, e o jogador de 13 anos dos marselheses pede “paz”, enquanto o defesa espanhol Álvaro reiterou que “o que aconteceu hoje não pode acontecer nunca mais”.

A três horas do início do encontro com o Rennes, da 22.ª jornada da Ligue 1, a organização do campeonato anunciou o adiamento do jogo, para data a definir, após a invasão da ‘Commanderie’, nome dado ao centro de treinos dos marselheses.

Segundo a imprensa local, cerca de três centenas de adeptos entraram nas instalações do emblema para protestar contra a direção, e o presidente Jacques-Henri Eyraud, com a intervenção policial a ser requerida.

O jornal La Provence, que publicou um vídeo com uma árvore a arder à porta do complexo, descreve uma cena com vários artefactos pirotécnicos acionados ou arremessados, com o L’Équipe a explicar que a invasão foi premeditada.

Na derrota por 1-0 com o Lens, no Vélodrome, no dia 21 de janeiro, os adeptos ‘viraram-se’ contra os jogadores, tendo hoje escalado o protesto, com cartazes e outras tarjas a classificar a direção como “vergonhosa” e “nojenta”.

A equipa treinada pelo português André Villas-Boas conta por derrotas as últimas quatro partidas em todas as competições, após uma primeira temporada com o técnico luso em que foram vice-campeões.

Agora, o único clube francês que venceu a Liga dos Campeões, em 1993, está já eliminado das competições europeias, perdeu a Supertaça para o Paris Saint-Germain e é sétimo no campeonato.

Este é o segundo episódio violento com adeptos em França no mesmo fim de semana, com o jornal Le Progrès a mostrar um vídeo de adeptos do Saint-Étienne, recordista de títulos em França, com duas centenas de indivíduos a forçarem a entrada e a conversarem com o plantel do emblema, 16.º classificado.