O astro argentino não vai renovar contrato com o Barcelona, anunciou esta quinta-feira o clube em comunicado.

"Apesar do FC Barcelona e de Lionel Messi terem chegado a acordo com a intenção clara de assinar hoje um novo contrato, tal não pode acontecer devido a obstáculos financeiros e estruturais", alude a nota oficial dos Blaugrana, indicando entre parêntesis que o acordo ficou inviabilizado devido à "ação regulatória da Liga Espanhola".

"Como resultado, Messi não ficará no FC Barcelona. Ambas as partes lamentam profundamente que os desejos do jogador e do clube não possam ser satisfeitos", pode ler-se.

"O FC Barcelona expressa de forma sentida a sua gratidão ao jogador pela sua contribuição para o engrandecimento do clube e deseja-lhe o melhor para o futuro na sua vida pessoal e profissional", remata o comunicado.

Com esta separação, Lionel Messi, seis vezes vencedor da Bola de Ouro, pode mudar pela primeira vez de clube, aos 34 anos, e depois de 672 golos, 778 jogos e 34 títulos na equipa principal dos catalães.

Nas redes sociais, o clube deixou um "apanhado" dos melhores momentos e agradeceu ao astro argentino pelas conquistas.

Poderá ser esta uma maneira de o Barcelona colocar pressão na Liga?

A The Athletic escreve que é uma opção — de este anúncio ser uma forma de fazer pressão junto do órgão que organiza o campeonato espanhol. E esta pressão ocorre porque recentemente a La Liga implementou um teto salarial para as equipas de topo e o Barcelona foi dos clubes que mais se ressentiu da medida.

Devido aos efeitos da pandemia, que reduziram as receitas, os 'culé' viram passar o seu limite salarial dos 671 milhões de euros para os 382.7 milhões. Ou seja, segundo a publicação, não é descabido assumir que a notícia que esta quinta-feira abalou e apanhou de surpresa o mundo futebolístico, vá no sentido de a liga alterar ou arranjar maneira de contornar as regras.

Messi é o maior nome do campeonato e o que mais apela a nível comercial. Há que ter em conta patrocínios, direitos de transmissão, entre outros. No fundo, o que o Barcelona está a dizer é que o astro vai embora para outro lado por causa de burocracia: o clube quer o jogador e o jogador quer o clube, mas a La Liga prefere perder o seu maior trunfo por causa de "obstáculos financeiros".

E agora?

O jogador argentino está livre para assinar com outros clubes. A verdade, contudo, é que já o podia fazer há vários meses e o anúncio de hoje não vem mudar esse aspeto.

No último verão, Manchester City e PSG eram os únicos com recursos financeiros para suportar o seu contrato e mostraram interesse em fazê-lo após Messi ter enviado um ‘burofax’ ao FC Barcelona a manifestar a sua intenção de deixar o clube (para depois recuar na decisão, deixando claro que jamais entraria numa guerra na justiça com o seu clube de sempre).

Entretanto, o anterior presidente Josep Maria Bartomeu saiu do clube, voltando Joan Laporta, ao ganhar as eleições realizadas em 7 de março de 2021, sendo que um dos seus principais desafios era garantir a manutenção do futebolista argentino.

Agora, tanto pode assinar por outros clubes como assinar novamente pelo Barcelona. O tempo o dirá.

Impossível dissociar Messi de Camp Nou

O futebolista natural de Rosário, onde nasceu em 24 de junho de 1987, já disputou 778 jogos pela primeira equipa do FC Barcelona, nos quais conseguiu 672 golos, dois registos ímpares na história do clube ‘culé’.

Em 17 épocas ao serviço dos catalães, Messi arrebatou 34 títulos, 10 dos quais internacionais, com destaque para quatro edições da Liga dos Campeões (2005/06, 2008/09, 2010/11 e 2014/15), prova em que marcou 120 golos em 149 jogos.

Na sequência desses triunfos, o argentino conquistou por três vezes o Mundial de clubes (2009, 2011 e 2015), com cinco golos em cinco jogos, e por outras tantas, e nos mesmos anos, a Supertaça Europeia, com três tentos em cinco encontros.

Messi soma ainda 10 vitórias na Liga espanhola, tendo sido o melhor marcador em oito ocasiões, para um total de 474 golos, em 520 jogos, sete na Taça do Rei (56 golos, em 80 jogos) e outros sete na Supertaça espanhola (14, em 20).

Ao longo de 17 anos do ‘Barça’, foram também inúmeros os prémios individuais que conquistou, sendo sido eleito por seis vezes o ‘Bola de Ouro’, para o melhor jogador do ano, e conquistado por seis vezes a ‘Bota de Ouro’, para o ‘rei’ dos marcadores dos campeonatos europeus, feitos ímpares na história do futebol.

Messi, que ‘aterrou’ em La Masia, a escola de formação do FC Barcelona, em 2000, conta ainda, já no escalão sénior, 10 jogos e cinco golos pelo FC Barcelona C, em 2003/04, e 22 encontros e seis tentos pelo FC Barcelona B, em 2003/04 e 2004/05.

Em 2020/21, o argentino disputou 47 jogos pela equipa catalã, nos quais somou 38 golos e 10 assistências, numa época em que, coletivamente, venceu a Taça do Rei, numa final com o Athletic Bilbau (4-0) em que ‘bisou’.

Messi esteve recentemente a gozar um período de férias, em Rosário, depois de ter conquistado o seu primeiro título pela seleção principal da argentina, a Copa América, arrebatada na final com o Brasil (1-0), em pleno Maracanã.

*com Lusa