“Em primeiro lugar, gostava de mandar um grande abraço a todos os portistas presentes nesse dia negro e um grande abraço de solidariedade a todos os que foram coagidos e agredidos nesse dia. Agora, é preciso que a justiça faça o seu trabalho e que o Ministério Público impute factos aos suspeitos dessas ações”, indicou o ex-treinador dos ‘dragões’.
Villas-Boas falava sobre os desacatos observados nessa sessão magna do clube durante a conferência de imprensa de apresentação de José Pereira da Costa como candidato a administrador financeiro da FC Porto SAD, que ocorreu na sede de campanha, no Porto.
“O dia 13 de novembro de 2023 fica marcado como um dia negro na história do FC Porto, visto que ficou evidente aos olhos de todos que um nível muito elevado de associados foi coagido e agredido. Felizmente, graças à intervenção do Ministério Público, mas não do Conselho Fiscal e Disciplinar do clube, conseguiram-se identificar potencialmente outros agressores que não aqueles que esse órgão interno acabou por não identificar”, admitiu.
Na quarta-feira, Fernando Madureira, líder dos Super Dragões, uma das claques ‘azuis e brancas’, ficou em prisão preventiva, uma semana depois da sua detenção no âmbito da Operação Pretoriano, tal como Hugo Carneiro, apelidado de ‘Polaco’, ao passo que Vítor Catão, adepto do FC Porto e ex-líder do São Pedro da Cova, encara prisão domiciliária.
As medidas de coação determinadas a esses três suspeitos corresponderam à promoção feita pelo Ministério Público, que não pediu privação da liberdade para os restantes nove arguidos, dos quais três tinham sido libertados no sábado e os outros seis na terça-feira.
“Prestei os meus depoimentos [em tribunal] em 27 de dezembro relativamente àquilo que vivi em 13 de novembro antes de ter entrado no Dragão Arena e às agressões ao meu zelador no dia 22. Deixo a justiça fazer o seu trabalho”, frisou André Villas-Boas.
No domingo, logo após a apresentação da sua recandidatura à presidência do FC Porto, Pinto da Costa deixou um “grande abraço de solidariedade” a Fernando Madureira, mas considerou que o clube não será afetado pelas consequências da Operação Pretoriano.
“Sei de muitos funcionários do FC Porto que decidiram não marcar presença no evento e de muitos outros que se sentiram na obrigação de ir, com medo de [encararem] algumas represálias em relação à continuidade nos seus postos de trabalho. Não tenho problema nenhum em [ver] manifestações de apoio aos outros candidatos”, ressalvou Villas-Boas, falando de um “abraço de dois amigos, fraterno e não vinculativo” entre Pinto da Costa e Sérgio Conceição, treinador da equipa principal de futebol, após o discurso do dirigente.
Em 31 de janeiro, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira -, no âmbito da Operação Pretoriano, que investiga os incidentes verificados numa Assembleia Geral (AG) extraordinária do clube.
De acordo com documentos judiciais, aos quais a agência Lusa teve acesso, o Ministério Público sustenta que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo” na AG do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, “do interesse da atual direção” ‘azul e branca’.
A Procuradoria-Geral Distrital do Porto divulgou que estão em causa “crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação”.
Nas eleições dos órgãos sociais do FC Porto para o quadriénio 2024-2028, que deverão ser realizadas em abril, André Villas-Boas, vai concorrer com o empresário Nuno Lobo, candidato vencido em 2020, e Pinto da Costa, detentor de 15 mandatos consecutivos na presidência dos ‘dragões’ e dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial.
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