Estamos acostumados, principalmente no começo do ano, durante os Estaduais, a jogos de nível muito fraco no Brasil. Por isso, quando a Supertaça do Brasil foi confirmada para este domingo, com Palmeiras e Flamengo, a expectativa era grande (a competição voltou a ser disputada no ano passado e reúne os vencedores da Taça do Brasil e do Brasileirão da temporada anterior).
E foi um jogo, principalmente na primeira parte, digno das melhores competições do mundo. De um lado o Flamengo em busca do nível de 2019, com muita qualidade técnica e um jogo ofensivo que prioriza a pressão e o controlo da partida. Do outro, o Palmeiras que tem os melhores momentos quando perfila em campo um esquema em que coloca a sua defesa de linha baixa para contra-atacar em grande velocidade.
Rogério Ceni aproveitou bem a pré-época que o Flamengo criou ao deixar os reservas disputarem as primeiras partidas do Campeonato Carioca. A equipa parece mais leve e mais perto do estilo de jogo que encantou o Brasil e a tendência é evoluir enquanto o nível de dificuldade das partidas também cresce.
O Palmeiras, disputando também a Supertaça Sul-americana, deu 20 dias de férias ao seu treinador enquanto o plantel alternou uma semana de férias entre si. Com tudo isto, ainda não teve muito tempo de treino para acrescentar novas soluções táticas à equipa e tem continuado a jogar com os pontos fortes da vitoriosa temporada 2020.
Para o jogo deste domingo, a escolha de Wesley pela velocidade no lado do ataque foi fundamental e o Palmeiras levou mais perigo que o Flamengo no começo da partida e abriu logo o placar, com uma recuperação de bola na saída errada dos cariocas. Entretanto, com o passar do tempo, o Mengão equilibrou o jogo e conseguiu virar o placar com o talento de Arrascaeta.
Na segunda parte, a falta de ritmo do começo de temporada pesou e o jogo ficou um pouco mais lento, com o Palmeiras empatando num penálti. A decisão, então, foi para a disputa de penalidades e os cariocas levaram a melhor.
Foi uma partida muito disputada e com direito a confusão no túnel de acesso aos balneários no final do jogo. Reflexo da crescente rivalidade entre os dois "ricos" do futebol brasileiro e que têm disputado todos os principais troféus.
Sinal dos novos tempos, onde a nacionalização do futebol brasileiro, a perda de relevância dos campeonatos estaduais e a boa gestão sendo o diferencial para clubes abrirem vantagem sobre os rivais mais próximos, criam rivalidades nacionais superiores, pelo menos temporariamente, às rivalidades regionais. Hoje, o Flamengo está muito à frente dos outros grandes do Rio de Janeiro e o Palmeiras é quem o desafia.
Isto já aconteceu antes no futebol brasileiro, com grandes embates entre Palmeiras e Cruzeiro, São Paulo e Internacional, Palmeiras e Grémio, Santos e Flamengo, e outros confrontos recorrentes por pequenos períodos. Mas, ao contrário do passado, esta não parece ser uma fase passageira.
Flamengo e Palmeiras estão mais estáveis em termos de liquidez e isso impacta na formação das equipas. Apesar de todos os anos surgirem desafiantes — como o Internacional no ano passado — os dois conjuntos parecem ter um futuro mais constante pela frente. A temporada 2021 vai ter início com um grande jogo entre as equipas que devem ser protagonistas e lutar, até o fim, para ganhar todos os campeonatos.
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