O jornal Público adianta que a Polícia de Segurança Pública está a investigar como é que os membros da Torcida Split, claque afeta ao Hajduk Split, entraram em Portugal sem serem detetados pelas autoridades, suspeitando do auxílio de alegados elementos dos No Name Boys, claque não-oficial afeta ao Benfica.

Os distúrbios ocorridos em Guimarães ocorreram na véspera da partida de hoje a ocorrer entre o Vitória Sport Clube, da cidade vimaranense, e o Hajduk Split, da Croácia, a contar para a segunda-mão da terceira eliminatória da Liga Conferência Europa de futebol.

Num comunicado divulgado hoje, o Comando Distrital de Braga da PSP confirma ter recebido queixas sobre “aproximadamente 100 indivíduos” a “causar distúrbios”, incluindo “arremesso de mobiliário de esplanadas e deflagração de artefactos pirotécnicos” por volta das 22:30 de terça-feira. A PSP diz que os adeptos abandonaram depois Guimarães em cinco autocarros com destino ao Porto.

“Após estarem reunidas todas as condições de segurança”, a PSP abordou os autocarros e identificou 122 cidadãos croatas, 23 portugueses e nove adeptos de outras nacionalidades, tendo ainda apreendido “um pote de fumo, uma soqueira e um passa-montanhas”.

Escreve o Público que os adeptos croatas em causa entraram em Portugal evitando usar o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, e preferindo recorrer a viaturas descaracterizadas para atravessar a fronteira e chegar a Guimarães sem serem detetados.

Para tal, a PSP suspeita que terão obtido auxílio logístico por parte de supostos membros dos No Name Boys, já que os autocarros intercetados no Porto pelas autoridades tinham matrícula portuguesa e tendo ficado apurado que muitos dos croatas identificados iam ficar alojados em zonas nos arredores ao concelho de Guimarães.

A suspeita recai principalmente pelo facto de, não só terem sido identificados portugueses no grupo de alegados autores dos distúrbios, como também pelo facto da Torcida Split — o grupo de adeptos organizado mais antigo da Europa — nutrir ligações aos No Name Boys desde a temporada 1994/95.

Em conferência de imprensa, o adjunto da divisão da PSP de Guimarães, Vítor Silva, não confirmou se os 23 portugueses no rol de identificados pertenciam a grupos de adeptos do Benfica, tendo referido apenas que esses cidadãos identificados têm “cultura de grupo organizado de adeptos”.

Além disso, o comissário admitiu durante a sessão com os jornalistas de que os adeptos croatas escaparam ao controlo da PSP. “Os autocarros foram controlados à chegada à cidade e monitorizados. Só quando chegaram à cidade é que confirmámos a existência desse grupo, como há outros que estão a ser controlados (…). A ação em si era praticamente impossível de evitar”, frisou.

De resto, o comissário adiantou que os adeptos suspeitos de terem causado os distúrbios foram identificados fora da “zona urbana” por ser mais seguro para a população.

“Não foram identificados nem abordados na cidade por questões de segurança para a própria população. Foram abordados numa zona segura para os abordar, identificar e apreender o material que possuíam (…) Para nós, é mais fácil controlá-los fora de uma zona urbana, onde era menos provável que houvesse alteração de ordem pública”, afirmou.

Quando começou a monitorizar os autores dos distúrbios na chegada a Guimarães, o contingente da PSP no terreno optou por “traçar as movimentações” desses adeptos ao invés de os confrontar diretamente, para mais tarde os identificar fora da zona urbana, e rejeitou quer falhas de comunicação com a polícia croata, quer “falta de efetivo” para um encontro no qual se espera 500 adeptos do Hajduk Split.

“A polícia tinha efetivo reforçado nessa noite, como temos em todos os eventos internacionais. (…) A polícia tem os meios adequados na cidade de Guimarães para responder de forma célere. Por iniciativa própria, já pedimos reforço ao Comando Metropolitano do Porto e à Unidade Especial de Polícia, através do Corpo de Intervenção”, adiantou.

No entanto, fontes da PSP admitiram ao Público que o comando distrital de Braga — de que Guimarães faz parte — não dispunha de meios suficientes para conter a ameaça dos fãs do Split porque está a acompanhar outras duas equipas de futebol a disputar competições europeias e ainda outro tipo de eventos.

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