Vencedor: Michael Jordan
Antes da estreia do documentário, Jordan fez questão de sublinhar que receava sair mal visto no final do mesmo, apesar de ter tido a última palavra para validar as imagens incluídas. E havia alguns motivos para esse receio como a revelação do travelling cocaine circus, o vício do jogo - qual vício competitivo, qual quê? - e o feitio irascível mesmo com os colegas de equipa. Mas essa declaração prévia de que estava preocupado com a sua imagem acabou por ter o efeito de gestão de expectativas e, no fim, perguntamos: "Tanta preocupação só por isto?". Depois há o evidente. As imagens dos seis títulos dos Bulls, apoiadas na ideia transmitida por todos os entrevistados de que foram conquistados sobretudo pela genialidade do #23, é o que fica destas dez horas.
Derrotado: Jerry Krause
O falecido Krause é um dos principais derrotados apenas e só porque não teve a oportunidade de rebater as muitas críticas que lhe foram feitas. O antigo general-manager tem méritos que deviam ter sido mais sublinhados ao longo do documentário, mas cometeu vários erros na gestão do franchise que não podem ser esquecidos, como o de garantir a Phil Jackson que 1997/98 seria a última temporada do treinador no comando técnico da equipa, independentemente dos resultados que a equipa atingisse.
Vencedor: Phil Jackson
O "Zen Master" reforça o estatuto de candidato a melhor treinador da história da liga norte-americana depois deste documentário. O reconhecimento da competência e conhecimento do jogo por parte de Michael Jordan e a capacidade de gestão de egos - alguém imagina um treinador, na NBA atual, permitir que um jogador faça umas mini-férias em plena fase regular para ir a Las Vegas? - fazem-nos esquecer a recente passagem desastrosa pelo "front office" dos Knicks pelo homem que soma onze anéis de campeão.
Derrotado: Scottie Pippen
Ponto prévio: Pippen foi o mais talentoso colega de equipa que MJ teve ao longo da carreira e sem ele os Bulls talvez não tivessem ganho os seis títulos, era altamente subvalorizado e muito (mesmo muito) mal pago. No entanto, a imagem de Pip sai particularmente afectada depois de terem sido recordados alguns episódios negativos, como o "jogo da enxaqueca", o momento em que se recusou a entrar em campo no final de um jogo com os New York Knicks, em 1994, porque Phil Jackson não desenhou a última jogada para um lançamento seu ou a opção de ter adiado uma cirurgia para não desperdiçar um verão com a recuperação e que levou Jordan a acusá-lo de egoísmo. Mas Pippen fica mal na fotografia por ter afirmado que, se fosse hoje, faria tudo de novo.
Vencedor: Dennis Rodman
Só uma personagem como Dennis Rodman poderia sair vencedora de um documentário em que assume todos os excessos com álcool, drogas e mulheres, que sentiu falta de motivação várias vezes ao longo da carreira e, por isso, precisava de "férias" com competição a decorrer. É a assunção disso mesmo que faz dele um vencedor. É honesto e foi-o desde o primeiro dia. E os Bulls, e em particular Michael Jordan, sabiam que ele era assim, mas que poderiam sempre contar com a melhor versão de Rodman dentro das quatro linhas.
Derrotado: Horace Grant
O antigo extremo/poste é apontado como a principal fonte de informação que partilhava os problemas no balneário dos Chicado Bulls com o jornalista Sam Smith, autor do polémico livro "Jordan Rules". Mas também é retratado como jogador soft e incapaz de lidar com o estilo de jogo mais físico dos Detroit Pistons nos playoffs. Grant, que alguns anos mais tarde foi apelidado de "cancro" no balneário dos Orlando Magic por Doc Rivers, foi substituído por Dennis Rodman e a aposta acabaria por se revelar acertada.
Vencedor: Steve Kerr
O atual treinador dos Golden State Warriors tem um protagonismo talvez excessivo na parte final do documentário, sobretudo quando comparado, por exemplo, com o croata Toni Kukoč. A história de vida, os pontos em comum com Jordan e que nunca foram discutidos entre ambos e a forma como, sendo um jogador secundário, teve a coragem de enfrentar o mau génio de MJ e ter conquistado a sua confiança ao ponto de ter sido escolhido para fazer o lançamento que confirmou o quinto título foram elementos de uma das melhores narrativas de "The Last Dance".
Derrotado: Isiah Thomas (e Gary Payton e Clyde Drexler)
Em "The Last Dance", mesmo passados mais de 20 anos sobre os duelos dentro de campo, MJ fala de forma visceral sobre os antagonistas. Se a oposição de Gary Payton e Clyde Drexler mereceu gargalhadas, os ânimos foram ao extremo quando o nome do antigo base dos Pistons veio a lume. Apesar de lhe reconhecer talento e de o colocar como o segundo melhor base da história, MJ insultou e humilhou Thomas, provando que as quezílias entre os dois - desde os duelos Bulls-Pistons à convocatória para o "Dream Team" - não foram esquecidas.
Vencedor: Nike
Depois de assinar com Jordan, a Nike tinha o objetivo de vender três milhões de dólares em Air Jordans. Em vez disso, só nesse primeiro ano, vendeu 126 milhões.
Derrotado: Adidas e Reebok
Ler alínea anterior.
Vencedor: Scott Burrell e LaBradford Smith
Tiveram direito aos seus 15 minutos de fama.
Derrotado: Karl Malone e Bryon Russell
Mais de vinte anos depois, os dois ex-atletas dos Utah Jazz recusaram prestar declarações para "The Last Dance". Isso diz tudo.
Vencedor: Gerações mais novas
Quem nunca viu Michael Jordan jogar, teve uma oportunidade de ouro para entender o fascínio dos mais velhos em relação à lenda dos Bulls.
Derrotado: As pizzarias com serviço de take away em Salt Lake City
Vencedor: A indústria de «memes»
Quem é que ainda não viu GIFs de Michael Jordan a rir à gargalhada enquanto olha para o tablet, o "shrug" do guarda-costas John Michael Wozniak depois de vencer Jordan no jogo da moeda ou Jerry Krause a dançar?
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