O Clube de Rugby Técnico e o Valladolid Rugby Asociación Club (VRAC), disputam hoje (16h00), nas Olaias, em Lisboa, a 42.ª edição da Taça Ibérica. A competição, criada em 1965, coloca em confronto os campeões nacionais de Portugal e Espanha numa final disputada de forma alternada em cada um dos países.

Ao longo do tempo, a competição entre os países vizinhos sofreu alterações de modelo (contemplou meias-finais e finais, alargando a prova aos vice-campeões) foi suspensa, pela primeira vez, entre 1971 e 1982, retomaria em 1983, duas épocas depois do clube, nascido pela mão de alunos do Instituto Superior Técnico (IST) e da respetiva Associação de Estudantes, ter conquistado o primeiro campeonato nacional. A pausa seguinte ocorreu de 2009 a 2013. Desde então, é disputada a um só jogo.

Para o VRAC Queso Entrepinares, clube fundado em 1986 (a origem recua ao Colégio N. Sra. de Lourdes na década de 70 do século passado), com forte ligação ao sector lácteo da região de Valladolid, capital do râguebi espanhol, 11 vezes campeão, cinco Taças Ibéricas, quatro delas consecutivas (2017 a 2020), será a 11.ª presença na final, a quinta consecutiva.

Os engenheiros celebraram a conquista do troféu máximo nacional três vezes - 1980-1981, 1997-1998 e 2020-2021 -, registam a terceira participação na prova ibérica, 23 anos depois (1998) de terem perdido com El Salvador, o outro “Grande” da capital da província de Castela e Leão. Uma assiduidade curta e sem direito a qualquer troféu conquistado, mas o suficiente para se cruzarem com a história da competição.

Na 7ª edição, em 1971, em Madrid, o Técnico beneficiou do modelo competitivo em vigor desde o início até esse ano.

Nesse hiato de tempo eram chamados os campeões e vice-campeões da Península Ibérica para disputar as meias-finais, jogo do 3º e 4º lugar e a final.

Na capital espanhola, os engenheiros não se apresentaram como campeões em título, perderam (27-3) com o CN Canoe (vencedor da 1ª edição, em 1965) e garantiram o último lugar do pódio ao vencer o San Sebastian (26-13). O Benfica conquistaria, nesse ano, a Taça Ibérica, a primeira do palmarés das águias.

Na contabilidade do duelo ibérico, os clubes espanhóis somam 25 Taças, as equipas portuguesas 16. As duas equipas de Valladolid, El Salvador e VRAC, registam 5 Taças Ibéricas cada. Em Portugal, Benfica e Direito são os clubes mais titulados, com menos um título que a dupla espanhola.

“Troféu mais prestigiante que qualquer clube nacional pode alcançar”

Inicialmente marcada para o penúltimo dia dezembro, a 42.ª edição da Taça Ibérica viria a ser adiada por razões de casos de covid-19 registados nos jogadores do emblema do outro lado da fronteira.

Para a final de hoje, os queijeiros não se assumem como favoritos. “Não somos favoritos. Jogar em Portugal é sempre sinónimo de partidas complicadas”, reconheceu Diego Merino, treinador do VRAC durante a conferência de imprensa que antecedeu a partida.

“Na Liga espanhola não estamos a atravessar um bom momento (9.º lugar), mas tendo a oportunidade de jogar um jogo destes, uma final, estamos muito motivados”, assegurou.

Para João Uva, treinador do Técnico, “este é o troféu mais prestigiante que qualquer clube nacional pode alcançar”, disse. Assumindo estar a “preparar a final há muito tempo” e gostar de estar na posição de underdog da competição, o facto de não ter vencido ainda o troféu não constituiu “uma pressão”, mas sim, “uma motivação”, acrescentou.

“Esta equipa – e este grupo – gosta deste tipo de desafios. Gostamos de conquistar as coisas a pulso. É uma motivação extra. É um desafio e vamos correr mais por ainda não termos vencido anteriormente”, sublinhou. “Queremos colocar a Taça da Ibérica na nossa sede para dizermos que estivemos envolvidos na conquista deste título”, frisou João Uva.

Um título pelo qual Pedro Lucas, atual presidente do Técnico, não teve oportunidade de lutar enquanto jogador. Campeão pelos engenheiros em 1981, não disputou a a final ibérica fruto da referida pausa da competição. Testemunhará agora a estreia do seu filho, Pedro Lucas, provável dono da camisola 9 (médio formação) numa final 23 anos depois do El Salvador, o outro “Grande” espanhol, ter vencido, em 1998, o Técnico, em Lisboa (29-15), jogo que o responsável máximo do clube das Olaias não assistiu.