"Já votei e estou convicto de que o Sporting vai ultrapassar a sua maior crise de sempre", afirmou Ferro Rodrigues, numa declaração enviada à agência Lusa.
Os sócios do Sporting reúnem-se hoje na primeira Assembleia Geral de destituição da história do clube, na qual decidirão o afastamento ou a continuidade do presidente, Bruno de Carvalho, legitimado há quatro meses por larga maioria.
Os pedidos de demissão de Bruno de Carvalho intensificaram-se após 15 de maio, dia em que houve uma invasão da Academia do Sporting, em Alcochete, com agressões a jogadores e equipa técnica por cerca de 40 adeptos encapuzados – dos quais 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Entretanto, na sequência deste acontecimento, os futebolistas Rui Patrício, William Carvalho, Gelson Martins, Bruno Fernandes, Battaglia, Bas Dost, Podence, Ruben Ribeiro e Rafael Leão rescindiram contrato com o Sporting, alegando justa causa.
No dia 16 de maio, após as agressões em Alcochete, Ferro Rodrigues condenou essa "situação gravíssima" de violência no treino de futebol do Sporting e apelou a "medidas sérias" da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e do Governo.
"Não se trata de um mero caso de polícia. É uma situação gravíssima, que ofende os portugueses, o desporto e o país pelas repercussões internacionais que já teve e que ofendeu fisicamente um conjunto de profissionais, que, ao longo de muitos anos, se bateram pelas cores do clube que representam", declarou aos jornalistas, no parlamento.
Para a segunda figura do Estado, "numa situação como esta, pior será deixar tudo na mesma" e "tem de haver medidas sérias, doa a quem doer, ao nível do Sporting Clube de Portugal, da FPF e do Governo português".
Ferro Rodrigues lembrou que já tinha alertado para a "perversidade autoritária e totalitária de dirigentes, em mistura com uma comunicação social fanática, que gosta de explorar até ao pus tudo que acontece ao sábado e ao domingo nos campos de futebol e também aquilo que são claques – ou membros de claques – organizadas como grupos terroristas e que têm de ser tratadas como tal".
O presidente da Assembleia da República, que citou explicitamente diversas "intervenções extraordinárias, entre aspas", por parte do líder 'leonino', Bruno de Carvalho, defendeu em seguida que "não pode ficar impune quem deu passos decisivos para que a situação gravíssima tivesse acontecido".
"Estou a falar de todos aqueles que contribuem para aquilo que tem sido o ódio, a violência, o fanatismo, a corrupção no futebol português. Não são só de um clube, são de vários", acrescentou o também sócio do Sporting há 68 anos, apelando ainda às autoridades judiciais para que "investiguem e bem os dirigentes desportivos".
Um dia depois, o presidente do Sporting anunciou, numa nota pessoal enviada à Lusa, que iria mover um processo contra o presidente da Assembleia da República, comentadores e jornalistas por o terem "difamado e caluniado" após os atos de violência em Alcochete.
"Não posso aceitar que a segunda figura do Estado tenha sido mais taxativo e belicista, fazendo-me uma crítica violentíssima, não tendo a mínima noção do cargo que ocupa e da sua condição de sócio do Sporting Clube de Portugal. Será por isso um dos primeiros visados nas ações cíveis que vou mover, até pela posição relevante que ocupa na sociedade", referiu Bruno de Carvalho.
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