“Os jogadores consideraram o teor da conversa e a calma do presidente, contrastando com o habitual nos últimos meses, muito estranha. Os jogadores foram também surpreendidos com a antecipação do treino de quarta-feira para terça-feira”, lê-se na carta de rescisão de 34 páginas que a agência Lusa teve acesso, e que é assinada pelo próprio Rui Patrício.

Depois de meses em que os jogadores foram apelidados pelo presidente, através de mensagens escritas, de “mimados”, “convencidos”, de terem “pobreza de espírito”, de serem “crianças amuadas” e de serem “vedetas”, Rui Patrício e o restante plantel estranharam a mudança de comportamento de Bruno de Carvalho, ainda mais depois da derrota no Marítimo (2-1), que deixou o Sporting fora da Liga dos Campeões da próxima época.

De acordo com a carta do internacional português, Bruno de Carvalho começou por perguntar: “aconteça o que acontecer, estão preparados para jogar no fim de semana (final da Taça de Portugal)?”, seguido de “se houver algum problema liguem para mim ou para o André Geraldes, estarei aqui para resolver”.

Para Rui Patrício, o ataque à Academia de Alcochete “não foi uma conduta isolada e imprevisível que pudesse escapar à capacidade de previsão dos dirigentes do Sporting, mas antes um acontecimento não só perfeitamente previsível, como até sucessivamente provocado”.

“As condutas do presidente do Sporting foram adequadas a criar nos adeptos, e em particular nas claques, sentimentos exacerbados contra os jogadores. Fatores estranhos concorrem para criar, ainda, uma sensação de desconfiança relativamente ao sucedido e à atuação do Sporting em todo o acontecimento”, referiu.

O internacional luso adiantou que a reação de Bruno de Carvalho, após os incidentes, foi “inaceitável”, tendo levado quase duas horas a chegar ao local.

“As primeiras declarações do presidente foram absolutamente chocantes e até ofensivas para os jogadores, parecendo que estava a gozar com o sucedido”, escreveu.

Rui Patrício aborda ainda as declarações de Bruno de Carvalho um dia antes da final da Taça de Portugal (derrota com o Desportivo das Aves por 2-1).

“Para cúmulo, na véspera da final da Taça de Portugal, que os jogadores decidiram disputar depois do ‘filme de terror’ que passaram, o presidente resolveu dar uma conferência de imprensa em que, em lugar de procurar acarinhar e dar animo, resolveu vitimizar-se, falar de si e acabar por culpar os jogadores”, lamentou.

Rui Patrício, de 30 anos, fez toda a sua formação e carreira profissional no Sporting e tinha contrato com o clube até junho de 2022.

O guarda-redes está atualmente em estágio com a seleção portuguesa, que prepara a participação na fase final do Mundial2018, na Rússia.

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