“Os problemas de há um ano continuam a ser exatamente os mesmos, como a dependência do petróleo, a falta de infraestruturas, a depreciação da moeda nacional, as lacunas na regulação, a corrupção e a falta de mão-de-obra qualificada, portanto a nossa avaliação do risco político é Severo e nenhum indicador permite dizer que as coisas vão melhorar no curto prazo”, disse Pedro Pinheiro.

Para esta corretora de seguros especializada em risco político, Angola continua a ser um mercado “muito importante para Portugal por causa do investimento que continua a ser feito” pelas empresas, nomeadamente no setor da construção, apesar das dificuldades no expatriamento de capitais.

“A dificuldade existe quase a 100%, e não está a diminuir, continuamos a ter muitos problemas em expatriar o dinheiro que é gerado em Angola e que os empresários querem enviar para Portugal”, disse à Lusa, lamentando a falta de resposta do setor privado nesta área.

“Lamentavelmente os privados não estão a dar o suporte necessário para que o risco possa ser transferido para o mercado, sobretudo no que concerne ao risco de transferência de divisas”, explicou Pedro Pinheiro.

“Este é o risco mais premente e o mais sentido pelas empresas”, mas as seguradoras não conseguem dar resposta, afirma o diretor nacional do departamento da AON.

Pedro Pinheiro reconhece que o novo Governo está a tentar mostrar passos concretos na eliminação dos entraves que bloqueiam o crescimento e a diversificação económicas em Angola, mas salienta que mudar a economia de um país demora tempo.

“Para já, o mercado quer antecipar tendências, e o que pensa sobre Angola é que continua a ser obviamente um país dependente do petróleo; o Governo tenta investir para desalavancar esse setor, adotando incentivos fiscais para que empresas de setores diferenciados comecem a investir mais, mas o problema é que estas políticas demoram muito tempo a dar resultado”, concluiu o responsável.

No mais recente Mapa de Risco Político, a AON afirma que “apesar de as eleições terem reduzido o nível de violência política, os riscos económicos aumentaram devido à diminuição das receitas petrolíferas” no seguimento da crise de 2014.

“Angola ainda sofre de instabilidade política e violência esporádica e os riscos regulatórios e legais continuam muito altos devido à corrupção, nepotismo, burocracia e uma falta generalizada de mão-de-obra qualificada”, lê-se no relatório, que considera o ambiente empresarial “extremamente desafiante” e classifica de “muito alto” o risco de interferência política na economia “por causa da má qualidade da governação e da fraca regulação”.

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