"O convite que me foi dirigido pelo Luís Portela constitui um enorme orgulho. A Bial é uma das empresas portuguesas que mais admiro não só pela missão que abraçou de contribuir para a melhoria da saúde e da qualidade de vida das pessoas, mas também pelo sucesso que tem conseguido alcançar na implementação da sua estratégia", disse à Lusa António Horta Osório.

O gestor substitui Luís Portela, acionista maioritário da Bial e presidente durante os últimos 42 anos.

"Em estreita colaboração com o CEO [presidente executivo], António Portela, bem como com os restantes membros do Conselho de Administração espero contribuir ativamente para uma permanente melhoria do modelo organizativo, para maximizar o valor da empresa a longo prazo e para reforçar o caminho de internacionalização há muito encetado com sucesso pela Bial", acrescentou Horta Osório.

"Acredito que a minha experiência internacional em funções executivas, e também não executivas, possa ser útil à empresa que está presente em alguns mercados que conheço bastante bem", considerou o gestor.

"O caminho desenhado pelo Luís Portela lançou a Bial no mundo, tornando-a numa empresa internacional de renome e permitindo que possa agora ambicionar chegar ainda mais longe", concluiu António Horta Osório.

Questionado pela Lusa sobre a saída do Conselho de Administração da Bial, Luís Portela disse que esta "foi preparada desde há alguns anos".

"Sempre referi que não gostaria de me perpetuar no cargo e tinha já partilhado a intenção de cessar a minha atividade profissional antes de fazer 70 anos, o que acontecerá dentro de alguns meses", prosseguiu Luís Portela.

"Liderei a empresa durante 42 anos, 32 dos quais como presidente executivo", sublinhou, apontando que a Bial é atualmente "um projeto sólido, uma empresa internacional de inovação ao serviço da saúde de um cada vez maior número de pessoas" em todo o mundo.

Salientou considerar "saudável" que agora "sejam outras pessoas, de grande competência profissional, como é o caso de António Horta Osório, a assumir a responsabilidade de a conduzir e desenvolver".

Questionado sobre os projetos a curto prazo, Luís Portela adiantou que agora terá "mais tempo" para se dedicar à Fundação Bial, à qual continuará a presidir, "que é uma instituição mecenática com a missão de incentivar o estudo científico do ser humano, tanto do ponto de vista físico como espiritual".

A fundação atribui três prémios na área das ciências da saúde - o prémio Bial de Medicina Clínica, o Bial Award in Biomedicine e o Prémio Maria de Sousa – e promove apoios financeiros a projetos de investigação científica, envolvendo mais de 1.500 investigadores de 25 países.

"Será muito gratificante poder dedicar-me mais à Fundação Bial", sublinhou.

Além disso, "terei também mais tempo para a minha família e para me dedicar às minhas áreas de interesse: à leitura, à escrita e aos temas que gosto de explorar, nomeadamente a psicofisiologia, a parapsicologia e a espiritualidade", rematou Luís Portela.

Em 1979, Luís Portela, na altura com 27 anos, comprou a maioria do capital e assumiu a presidência da empresa fundada em 1924 pelo seu avô, liderando a sua transformação numa farmacêutica internacional de inovação, com o lançamento a nível global dos primeiros medicamentos de investigação portuguesa: "um antiepilético e um antiparkinsoniano".

Em 2011, passou a presidência executiva ao filho mais velho, António Portela, ficando a exercer o cargo de 'chairman' da farmacêutica.

A administração conta desde 2010 com o seu filho Miguel, "reforçando a presença da quarta geração da família Portela na gestão da Bial", refere o grupo.

António Horta Osório, que será também o futuro 'chairman' do banco Credit Suisse a partir de maio deste ano, iniciou a sua carreira na banca no Citibank, em 1987, a que se seguiu a Goldman Sachs, em Nova Iorque e Londres.

Em 1993 foi convidado por Emilio Botín para o Santander, tendo criado o Banco Santander de Negócios Portugal, tornando-se vice-presidente executivo do grupo Santander em 1999.

Em 2010 assumiu a presidência executiva do Lloyds, "tendo aceitado lugares de administrador não executivo no Banco de Inglaterra, e em alguns grandes grupos económicos, como a Exor (holding da família Agnelli) e a INPAR (holding da família Lemann), que mantém".