No Boletim Económico de março, hoje divulgado, o banco central antecipa que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 1,7% este ano - depois da expansão de 2,1% em 2018 -, a mesma previsão que no boletim de junho, mas reviu em baixa para 1,6% a estimativa para 2020, menos 0,1 pontos percentuais face à anterior projeção.
Para 2021, o BdP manteve a estimativa de 1,6%.
“A projeção para a evolução do PIB em 2020 foi revista ligeiramente em baixa, reflexo do enquadramento internacional”, lê-se no relatório hoje divulgado.
“O crescimento da economia portuguesa deverá ser, em média, um pouco superior ao do conjunto da área do euro, mantendo o processo muito gradual de convergência real. Ainda assim, em 2021, estima-se que o PIB per capita português se situe em cerca de 60% da média da área do euro, valor ligeiramente inferior ao do início da união monetária”, adianta o BdP.
A instituição liderada por Carlos Costa antecipa que o contributo da procura interna para o crescimento do PIB será superior ao das exportações, o que se traduzirá num saldo negativo da balança de bens e serviços, depois de um período de saldos positivos.
O BdP antecipa que o consumo privado cresça 2,6% este ano, ligeiramente abaixo dos 2,7% previstos em março, e depois de crescimentos em torno de 2,4% nos últimos anos.
O banco central explica que “o aumento estimado para 2019 está associado à evolução favorável do rendimento disponível real das famílias, resultante do crescimento do emprego e dos salários nominais, incluindo o salário mínimo, do avanço contido dos preços e das medidas orçamentais com impacto positivo no rendimento familiar”.
Já em 2020 e 2021, o consumo privado desacelerará, apresentando crescimentos de 2% e 1,7%, face às anteriores previsões de 1,9% e 1,6%, respetivamente, “reflexo do abrandamento do rendimento disponível real”.
Para as exportações, a instituição liderada por Carlos Costa antecipa um crescimento de 4,5% em 2019, acima dos 3,8% previstos em março, “apesar da desaceleração da procura externa dirigida à economia portuguesa”.
E o BdP explica que “esta subida tem implícitos ganhos adicionais de quota de mercado, associados às exportações de bens não energéticos e de turismo”.
Para 2020, o banco central antecipa uma desaceleração do crescimento das exportações para 3,1%, abaixo dos 3,7% previstos antes, e, para 2021, o BdP espera que as exportações aumentem 3,4%, abaixo dos 3,6% estimados em março.
O banco central indica que se antecipa uma evolução inferior à observada nos últimos anos, “refletindo a maturação do ciclo económico nos principais parceiros comerciais de Portugal e menores ganhos de quota”, e acrescenta que “após o crescimento significativo dos últimos anos, as exportações de turismo deverão abrandar em 2020-21”.
Já a previsão para as importações este ano foi revista em forte alta, antecipando agora o BdP um aumento de 8% face aos 6,3% previstos em março, “influenciado pelo forte crescimento verificado no primeiro trimestre”.
Já para 2020, o BdP antecipa uma desaceleração para um aumento de 4,3% das importações (4,7% em março) e, para 2021, uma nova aceleração para 4,4% (4,1% em março).
Relativamente ao investimento, o banco central antecipa que deverá continuar a recuperar, com algum abrandamento até ao fim do período de projeção.
Assim, depois de um crescimento de 4,4% em 2018, a formação bruta de capital fixo (FBCF), ou seja, o investimento, registará aumentos anuais de 8,7%, 5,8% e 5,5% até 2021, ano em que o nível se deverá situar ainda abaixo do verificado antes da crise financeira internacional, prevê o BdP.
No anterior boletim de março, o banco central estimava um aumento inferior do investimento este ano, de 6,8%.
Já o investimento empresarial deverá atingir o nível pré-crise no final de 2019, enquanto "o investimento público terá um crescimento significativo nos próximos anos, refletindo, em parte, o recebimento de fundos comunitários", antecipa o BdP.
A instituição liderada por Carlos Costa explica que o crescimento da economia previsto no quadro temporal em análise reflete a maturação do ciclo económico, comum a outras economias da zona euro, e constrangimentos a um maior crescimento potencial.
De acordo com o banco central, os principais constrangimentos ao crescimento económico são a evolução demográfica adversa, o elevado nível de endividamento do setor público e privado, o baixo nível de capital por trabalhador e a baixa escolaridade da mão de obra.
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