Na publicação ‘Sistema bancário português: desenvolvimentos recentes’, relativa ao primeiro semestre, o Banco de Portugal diz que “a rendibilidade do sistema bancário manteve a trajetória de crescimento dos últimos dois anos”, tendo a rendibilidade do ativo (ROA) aumentado para 1,16% (mais 0,44 pontos percentuais em termos homólogos) e a rendibilidade do capital próprio para 13,7% (mais 4,8).

O regulador e supervisor bancário justifica o maior lucro com o aumento da margem financeira (diferença entre juros cobrados nos créditos e juros pagos nos depósitos), ainda que também tenha havido algum aumento das provisões e imparidades para fazer face a eventuais perdas. É que os bancos sinalizam já algum risco de poderem aumentar as perdas com crédito.

Apesar de, no segundo trimestre, o rácio de empréstimos malparado bruto se ter mantido inalterado nos 3,1% (o rácio de crédito malparado nos particulares também se manteve nos 2,4%), os bancos aumentaram o rácio de empréstimos em ‘stage 2’ dos particulares para 9,5% (face a 9% no primeiro trimestre).

O aumento é mais significativo no crédito à habitação, no qual este rácio subiu para 9,1%, face a 8,4% no primeiro trimestre.

O rácio de empréstimos ‘em stage 2’ diz respeito aos créditos para os quais os bancos consideram que há maior risco de haver perdas por incumprimento dos clientes.

Já o rácio de empréstimos em ‘stage2’ no crédito a consumo e outros fins reduziu-se para 10,7% no segundo trimestre (11,1% no primeiro).

Para fazer face ao grande aumento dos custos com crédito à habitação, o Governo aprovou a semana passada o alargamento da medida da bonificação dos juros (em que o Estado paga parte do aumento dos juros) e um mecanismo em que as famílias podem pedir ao banco que fixe a sua prestação do crédito por um período de dois anos e por um valor mais baixo do que o atual (o que não pagarem durante esses dois anos será cobrado nos anos restantes do contrato de crédito).

Ainda segundo dados hoje divulgados pelo Banco de Portugal, a eficiência dos bancos a operar em Portugal aumentou no segundo trimestre, tendo o rácio cost-to-income (custos face a receitas) caído para 38,8% (menos 12,8 pontos percentuais face ao período homólogo) devido sobretudo ao “aumento expressivo do produto bancário”, ainda que tenha havido um aumento dos custos operacionais (devido a subidas de custos com trabalhadores e outros gastos).

Também no segundo trimestre houve um aumento dos depósitos de clientes, mas ligeiro, de 0,4% (no primeiro trimestre tinha havido redução de depósitos).

O rácio de transformação de depósitos em crédito diminuiu para 79,6% (menos 0,3 pontos) já que os depósitos aumentaram (0,4%) mais do que os créditos (um aumento ligeiro de 0,1%).

Por fim, quanto a indicadores de solidez, em junho, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais CET 1 do sistema bancário português aumentaram para 19% e 16,4%, respetivamente, face a março.