Os resultados do Millennium BCP que apresentados hoje aos jornalistas, em Lisboa, pelo seu novo presidente executivo, Miguel Maya, que entrou em funções esta semana, após a ‘luz verde’ do Banco Central Europeu.

No início da conferência de imprensa, Nuno Amado, que até agora era o presidente executivo e passou a presidente não executivo do Conselho de Administração ('chairman'), fez um pequeno discurso de passagem de pasta ao seu sucessor e considerou que há um “alinhamento de interesses, vontades e competências da Comissão Executiva e do Conselho de Administração” do banco.

Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP considerou que, entre janeiro e junho, houve uma “evolução muito favorável do resultado da atividade em Portugal”, que contribuiu com 59 milhões de euros, bem acima dos 1,6 milhões de euros dos primeiros seis meses de 2017, com diminuição das imparidades e das provisões (sobretudo para crédito).

Já as operações internacionais (Polónia, Moçambique e Angola) contribuíram com 87,1 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, neste caso mais 3,1% do que no mesmo semestre de 2017.

O banco destaca ainda a redução dos ativos problemáticos e não produtivos (NPE na sigla em inglês), que no final de junho eram de 6,7 mil milhões em termos consolidados. Em Portugal, eram, no final de junho, de 5,9 mil milhões de euros, menos 841 milhões de euros do que no final de 2017.

Avaliando a conta de resultados, o produto bancário foi de 1.056 milhões de euros no primeiro semestre, mais 0,8% do que em período homólogo, com a margem financeira a subir 1,3% para 687,7 milhões de euros, o que segundo o banco foi “apoiada no bom desempenho da atividade internacional”, sobretudo da operação na Polónia.

Já em Portugal a margem financeira desceu 1,4% para 384,8 milhões de euros, o que o banco atribui à “redução dos juros das carteiras de crédito e de títulos”, apesar da queda também do financiamento, desde logo pela redução dos juros dos depósitos.

As comissões líquidas, em termos consolidados, cresceram 3% para 340,2 milhões de euros, o que o banco diz que se deveu sobretudo à atividade em Portugal, onde as comissões aumentaram 3,9%.

O crescimento das comissões bancárias foi de 2,5% para 278,3 milhões de euros, enquanto as comissões relacionadas com os mercados financeiros cresceram 5,3% para 61,9 milhões de euros.

Os custos operacionais subiram 11,2% para 500,8 milhões de euros, com os custos com pessoal a subirem 6,3% para 281,8 milhões de euros, que inclui a reposição do salário dos trabalhadores depois de anos em que houve cortes.

No balanço, o crédito a clientes (bruto) desceu 2,4% para 50.468 milhões de euros e os recursos totais de clientes subiu 5,9% para 72.458 milhões de euros.

Ainda na apresentação de resultados, o presidente executivo indicou as principais linhas do plano estratégico do banco até 2021, que designou de Plano Mobilizar, dando a indicação de que o BCP quer entrar numa fase de crescimento, depois do ciclo difícil dos últimos anos.

Face a 2017, o banco quer reforçar a sua liderança na banca privada e crescer no digital, sendo mais eficiente, com um rácio cost-to-income de 40%, e continuando a reduzir de forma significativa as imparidades.

Na operação em Portugal quer aumentar o produto bancário em 100 milhões de euros, com a subida em 1.200 milhões de euros da nova produção de crédito à habitação, 470 milhões de euros de produção no crédito ao consumo (onde tem uma quota de mercado abaixo da sua quota natural).

Quer ainda mais 1.100 milhões de euros no ‘stock’ de crédito a pequenos negócios e 1.200 milhões de euros de ‘stock’ de crédito a pequenas e médias empresas (PME).

Nas operações internacionais quer aumentar em 200 milhões de euros o resultado líquido.

Ainda na conferência de imprensa, questionado sobre a venda do edifício do BCP na baixa de Lisboa, na rua do Ouro, onde hoje decorreu o encontro com a imprensa, Maya recusou dar o valor da venda e disse que não estava na prioridade do banco vender o prédio, mas admitiu que perante uma boa proposta e a vontade que já havia de racionalizar serviços, concentrando os serviços centrais, foi decidida a venda.

Sobre a EDP, em que o BCP e o seu fundo de pensões são acionistas com cerca de 2,4%, o presidente não executivo do Conselho de Administração do BCP, Nuno Amado, admitiu poder continuar no conselho geral e de supervisão da energética.

“Sim, porque não? Somos o acionista português de maior dimensão. É no conselho geral e de supervisão que estamos representados”, disse.